A violência opôs os Rizeigat árabes e as tribos Masalit em Genena, a capital provincial da província ocidental de Darfur, depois de homens armados não identificados terem matado a tiro, no sábado, duas pessoas dos Masalit, segundo o Escritório da ONU para Coordenação de Assistência Humanitária (OCHA).
De acordo com o mesmo organismo, duas outras pessoas dos Masalit foram feridas nesse tiroteio, cujas circunstâncias não são claras.
Desde então, as duas tribos envolveram-se em confrontos e os tiros ainda podiam ser ouvidos em Genena, no final do dia de hoje.
Adam Regal, porta-voz de uma organização local que ajuda a gerir campos de refugiados em Darfur, disse que um projétil atingiu hoje um campo para pessoas deslocadas em Genena, causando um incêndio que atingiu várias casas.
"A situação é muito difícil e grave", disse o responsável.
O comité de médicos sudaneses no Darfur Ocidental disse que homens armados também abriram fogo sobre uma ambulância no domingo, ferindo três profissionais de saúde.
A ONU indicou que todas as atividades humanitárias foram suspensas à medida que as estradas em redor da parte sul de Genena foram bloqueadas.
Um número desconhecido de pessoas fugiu das suas casas nos bairros de Hay al-Jabal e al-Jamarik em Genena e refugiou-se em mesquitas e edifícios públicos próximos, acrescentou a agência das Nações Unidas.
O governador do Darfur Ocidental, Mohammed Abdalla al-Duma, afirmou, numa declaração, que os funcionários estavam a tomar "medidas desnecessárias", sem dar mais pormenores.
O responsável exortou os residentes em Genena para que se mantenham e a permanecerem em casa até que as forças de segurança contenham a situação.
Os confrontos colocaram um desafio aos esforços do governo de transição do Sudão para pôr fim a rebeliões que duraram décadas em áreas como o Darfur.
No início deste ano, a violência tribal nas províncias de Darfur Ocidental e do Darfur do Sul matou cerca de 470 pessoas. Também obrigou mais 120.000 pessoas a deslocar-se, na sua maioria mulheres e crianças, incluindo pelo menos 4.300 que atravessaram para o vizinho Chade, de acordo com a ONU.
O Sudão está num caminho frágil para a democracia após uma revolta popular que levou os militares a derrubar o Presidente autocrático de longa data, Omar al-Bashir, em abril de 2019. O país é governado desde então por um governo composto por militares e civis.
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