Comércio a retalho na Guiné-Bissau ameaça fechar portas

O comércio a retalho na Guiné-Bissau poderá ficar paralisado se a Câmara Municipal de Bissau (CMB) persistir na cobrança de novas taxas, disse o presidente da associação de retalhistas dos mercados guineenses, Aliu Seidi.

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Luís Filipe Sebastião
09/04/2021 09:24 ‧ 09/04/2021 por Luís Filipe Sebastião

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Segundo Seidi, a câmara aumentou "em certos casos até 200% as taxas" e, nos últimos dias, "está a ameaçar encerrar os estabelecimentos que se recusam a pagar" as novas cobranças que é feita aos donos das farmácias, proprietários de pequeno comércio no mercado do Bandim (maior centro do comércio do país) e às mercearias.

O líder dos comerciantes de venda a retalho acusou a Câmara Municipal, particularmente, de alegado desrespeito ao decreto do Governo que proíbe qualquer aumento de preço de venda ao consumidor de todos os produtos, devido ao estado de calamidade ditado pela pandemia do novo coronavírus.

Aliu Seidi disse que "não haverá diálogo" no dia em que o Estado mandar encerrar algum estabelecimento comercial de um associado por falta de pagamento das taxas.

"Qualquer loja, taberna, farmácia ou outro estabelecimento de um pequeno comerciante que for fechado devido ao não pagamento destas taxas, vamos mandar encerrar todo o pequeno comércio a nível nacional", avisou o dirigente comercial.

Aliu Seidi exortou os consumidores guineenses a endossar toda a responsabilidade às autoridades, se um dia a situação for aquela.

"Parece que as pessoas querem matar o setor privado na Guiné-Bissau", enfatizou Aliu Seidi.

As farmácias ainda não foram fechadas, mas Neusa Melo, a porta-voz da associação de proprietários, enfatizou que a continuar neste ritmo tarde ou cedo vão acabar por encerrar as portas, devido às taxas cobradas pelo Estado.

Neusa Melo explicou que nos últimos dias as farmácias estão a ser pressionadas pela CMB para o pagamento de "uma taxa de ocupação do chão", isto é, terreno onde o imóvel está situado.

A porta-voz da associação das farmácias na Guiné-Bissau considerou que, por um lado, a classe não devia pagar aquela taxa, porque os donos dos imóveis já a pagam ao Estado e, por outro lado, subiu de cinco mil francos CFA (7,62 euros) para cerca de 2,3 milhões de francos CFA (3.506 euros) em cada 90 dias.

"É um valor exorbitante para quem vende medicamentos. Essas taxas impedem o avanço das nossas atividades", afirmou Neusa Melo.

O Governo introduziu no Orçamento Geral do Estado e iniciou a cobrança do imposto da democracia, imposto do audiovisual, imposto à importação de materiais de construção civil, imposto sobre as telecomunicações e o imposto de saneamento público.

A população tem reclamado que os novos impostos implicam o aumento de custo de vida e a subida de preço de bens e serviços no país.

Leia Também: Covid-19. Guiné-Bissau regista mais um caso de infeção

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