"Preciso mesmo de um corte de cabelo", dizia numa entrevista à Sky News há duas semanas atrás, enquanto mexia no profuso e desalinhado cabelo loiro, característico do dirigente britânico.
O plano de desconfinamento "cauteloso, mas irreversível" do Governo britânico, entra hoje numa nova etapa que vai permitir reiniciar parte da atividade económica restrita desde o início de janeiro, quando foi decretado um segundo confinamento nacional devido ao aumento galopante da pandemia covid-19.
Cabeleireiros e salões de beleza, comércio não essencial como lojas de roupa vão poder reabrir, e os tradicionais 'pubs', cafés e restaurantes, até agora limitados à venda de comida ao postigo, vão poder servir em esplanadas, incluindo bebidas alcoólicas.
Ao contrário de confinamentos anteriores, não haverá necessidade de os clientes pedirem uma "refeição substancial" para acompanhar 'pints' [copo] de cerveja nem vai existir um horário noturno reduzido.
Alguns espaços fechados, como ginásios e piscinas, bem como bibliotecas ou centros comunitários, poderão funcionar com algumas regras, mas a prioridade continua a ser dada os espaços abertos, facilitando a reabertura de jardins zoológicos e parques de diversões.
O alojamento turístico é permitido em casas independentes ou parques de campismo se tal não envolver a partilha de instalações sanitárias.
A próxima etapa do desconfinamento está prevista para 17 de maio, quando o Governo admite levantar a proibição de viagens ao estrangeiro e o convívio em espaços fechados, mas a decisão vai depender de a curva epidémica continuar em queda e sob controlo.
Nos últimos, o número de mortes diárias estabilizou em cerca de 50 e o de infeções em menos de três mil, uma redução de 95% face ao pico de 60 mil casos por dia em janeiro.
Boris Johnson tem mantido alguma cautela devido ao risco de uma nova vaga da pandemia obrigar a novos confinamentos, mas o objetivo, disse, é "continuar com o roteiro para a liberdade" em 21 de junho, quando deverão ser levantadas todas as restrições.
Apesar dos percalços recentes com a vacina AstraZeneca, motivo de tensões com a União Europeia e agora associada a alguns casos de tromboembolismos, o Reino Unido conseguiu avançar significativamente com o seu programa de vacinação graças àquele fármaco desenvolvido na Universidade de Oxford.
Mais de 31 milhões de pessoas já foram inoculadas com a primeira dose de uma vacina contra a covid-19 e seis milhões receberam a segunda dose, e os abastecimentos, sejam da AstraZeneca ou da Pfizer e Moderna, deverão acelerar no segundo trimestre.
O objetivo do governo é completar a imunização de todos os adultos antes de agosto.
De acordo com um estudo da universidade University College London (UCL), o país deverá atingir hoje a chamada imunidade de grupo, seja pela vacinação ou pela superação da doença, chegando a 73,4% da população.
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