A investigação, conduzida por cientistas de um conjunto de instituições, e publicada na revista científica Lancet, indicou que mesmo no caso de quem já foi infetado pelo SARS-CoV-2, a vacina contra a Covid-19 "continua a ser crucial" para aumentar a imunidade, prevenir a reinfeção e reduzir a transmissão.
O estudo resulta da observação de mais de três mil elementos saudáveis dos fuzileiros dos Estados Unidos da América, a maioria com idades entre os 18 e os 20 anos, entre maio e novembro de 2020.
Da análise feita durante esse período, cerca de 10% dos fuzileiros anteriormente infetados com o novo coronavírus foram reinfetados, em comparação com novas infeções em 50% dos participantes que não tinham antes sido afetados pela Covid-19.
No comunicado divulgado pela The Lancet Respiratory Medicine é ainda referido que os participantes no estudo que não tinham anteriormente sido infetados com o SARS-CoV-2 apresentaram um risco de infeção cinco vezes superior ao dos militares que foram anteriormente infetados, embora se ressalve que os anteriormente expostos ao vírus ainda estavam em risco de reinfeção.
"É importante lembrar que, apesar de uma infeção anterior por Covid-19, os jovens podem voltar a apanhar o vírus e podem ainda transmiti-lo a outros. A imunidade não é garantida por infeções passadas, e ainda são necessárias vacinas que proporcionem proteção adicional para aqueles que já tiveram Covid-19", salientou o professor da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, Stuart Sealfon.
A cientista do Centro de Investigação Médica da Marinha dos EUA reforçou também, citada na mesma nota, que é importante passar aos jovens a mensagem de que "a imunidade resultante de infeções naturais não é garantida, ainda é necessário vacinarem-se, mesmo que tenham tido Covid-19 e se tenham recuperado".
Da observação feita foi também possível apurar que a maioria dos novos casos eram assintomáticos, 84% no grupo dos que já tinham anticorpos, enquanto no grupo que ainda não tinha tido a infeção pelo novo coronavírus, a taxa de incidência de pessoas sem sintomas era de 68%, ou tinha sintomas ligeiros, e nenhum foi hospitalizado.
Os autores do estudo sublinharam o risco de reinfeção verificado na sua análise se poder aplicar a muitos jovens, embora admitam que as taxas exatas de reinfeções eventualmente não sejam extrapoláveis para outros locais, "devido às condições de vida aglomeradas numa base militar e ao contacto pessoal estreito necessário para o treino".
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.974.651 mortos no mundo, resultantes de mais de 138,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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