"A aceitação imediata dos resultados, ainda que provisórios, por parte dos principais atores políticos reconfirma a cultura democrática consolidada no país e o elevado compromisso na sua preservação", lê-se na declaração dos chefes das missões da União Europeia e dos Estados Membros residentes na Praia, divulgada hoje ao final do dia.
O Movimento para a Democracia (MpD) venceu as sétimas eleições legislativas cabo-verdianas de domingo com quase 49% dos votos e uma maioria absoluta no parlamento, permitindo reconduzir Ulisses Correia e Silva, líder do partido, como primeiro-ministro.
"A União Europeia felicita o povo cabo-verdiano e a todos os envolvidos no processo eleitoral, reconhecendo o papel da administração eleitoral na gestão de eleições no contexto complexo de pandemia em que vivemos", refere a declaração.
Acrescenta que a União Europeia "continuará a trabalhar com Cabo Verde no quadro da parceria especial que une ambas as partes, para uma retoma económica e um crescimento socio-económico sustentável e inclusivo".
Segundo dados atualizados pelas 11h30 locais (13h30 em Lisboa) pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e pela Direção-Geral de Apoio ao Processo Eleitoral (DGAPE), através da página oficial destas eleições, o MpD lidera a contagem global com 109.388 votos (48,8%) e 37 deputados (de um total de 72), quando estão apurados os resultados provisórios de 1.460 mesas de voto (98,6% do total), registando-se uma taxa de abstenção global de 42,2%.
Desde domingo à noite que o MpD aguardava a eleição do 37.º deputado para confirmar a maioria absoluta, o que só aconteceu esta manhã, com a distribuição de um eleito para o MpD e outro para o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) no círculo eleitoral da América, ficando ainda por distribuir dois deputados relativos ao círculo eleitoral da Europa e Resto do Mundo.
Seguindo o historial das eleições cabo-verdianos na diáspora e face aos resultados já apurados, o círculo da Europa deverá representar igualmente um deputado para cada um dos partidos, pelo que o MpD, apesar de manter a maioria absoluta que conquistou em 2016, vai ver a bancada parlamentar reduzir-se de 40 (votação então de 54%) para previsivelmente 38 eleitos na próxima legislatura.
De acordo com os dados disponibilizados até ao momento, o PAICV conta 86.066 votos (38,4%) e 29 deputados, enquanto a União Caboverdiana Independente e Democrática (UCID) 19.810 votos (8,8%) e quatro deputados, todos eleitos na ilha bastião de São Vicente.
O Partido do Trabalho e da Solidariedade (0,9%), o Partido Popular (0,3%) e o Partido Social Democrata (0,1%) voltaram a não eleger qualquer deputado.
O MpD venceu em todos os círculos eleitorais do país, com exceção da ilha do Fogo, liderado pelo PAICV, em votação, tal como nos três círculos eleitorais da diáspora (África, América e Europa).
Com este resultado, o MpD conquista a sua quarta maioria absoluta, enquanto o PAICV tem três.
Depois de falhar pela segunda vez a vitória do PAICV (perdeu o poder em 2016 para o MpD), a líder do atual maior partido da oposição, Janira Hopffer Almada anunciou ainda no domingo que se vai demitir do cargo.
"Como sempre disse, para mim, a política não pode ser encarada como profissão nem como carreira. Penso que na política sempre é preciso ser-se coerente e consequente e retiro sim consequências políticas dos resultados destas eleições, por isso, nos próximos dias apresentarei a minha demissão como presidente do PAICV aos órgãos do partido", anunciou Janira Hopffer Almada.
O ciclo eleitoral em Cabo Verde iniciou-se em 25 de outubro de 2020, com as eleições municipais, prosseguiu domingo com eleições legislativas e termina em 17 de outubro deste ano com a primeira volta das eleições presidenciais.
Leia Também: ONU saúda eleição pacífica e "forte cultura democrática" de Cabo Verde