Casal Obama saúda veredito, mas diz que "está longe de ser suficiente"

O ex-Presidente dos EUA Barack Obama (2009-2017) e a ex-primeira dama Michelle Obama saudaram a decisão do júri que considerou o ex-polícia Derek Chauvin culpado da morte do afro-americano George Floyd.

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Lusa
21/04/2021 06:21 ‧ 21/04/2021 por Lusa

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George Floyd

O casal Obama, contudo, considerou que a "verdadeira justiça" exige que se aceite o facto de que "os afro-americanos são tratados de forma diferente" e que o veredito "está longe de ser suficiente".

"Hoje, um júri em Minneapolis fez a coisa certa", afirmou o casal, o único afro-americano a chegar à Casa Branca, numa declaração que divulgaram depois de saberem do veredicto unânime no julgamento de Floyd, cuja morte a 25 de maio de 2020, resultou numa onda de manifestações que abalou os Estados Unidos.

Ambos recordaram que a morte de Floyd reverberou "em todo o mundo", mas havia sempre a questão mais básica: "Seria feita justiça?".

"Neste caso, pelo menos, temos a nossa resposta. Mas se formos honestos connosco próprios, sabemos que a verdadeira justiça é muito mais do que um único veredito num único julgamento. A verdadeira justiça exige que aceitemos o facto de que os afro-americanos são tratados de forma diferente, todos os dias", sublinharam.

"Milhões dos nossos amigos, familiares e concidadãos vivem com medo de que o seu próximo encontro com as forças da lei seja o seu último", observaram.

Ainda que o veredito de terça-feira "possa ter sido um passo necessário no caminho para o progresso, está longe de ser suficiente", disseram Barack e Michelle Obama, que apelaram à concretização de "reformas concretas" para reduzir e eliminar o preconceito racial no sistema de Justiça criminal e expandir as oportunidades económicas para as comunidades marginalizadas.

"Podemos retirar força aos milhões de pessoas - especialmente aos jovens - que marcharam e protestaram e se manifestaram ao longo do último ano a fazer incidir uma luz sobre a desigualdade e a exigir mudanças. A justiça está mais próxima hoje não só por causa deste veredicto, mas também por causa do vosso trabalho", sublinharam.

O júri do julgamento do ex-polícia acusado de matar o afro-americano George Floyd considerou-o, por unanimidade, culpado de todas as acusações de homicídio.

Chauvin foi acusado de assassínio em segundo grau, punível até 40 anos de prisão; homicídio em terceiro grau, com pena máxima de 25 anos, e homicídio em segundo grau, com pena de prisão até 10 anos.

Como não tem antecedentes criminais, Chauvin só poderá ser condenado a um máximo de 12 anos e meio de prisão por cada uma das duas primeiras acusações e a quatro anos de prisão pela terceira.

Chauvin declarou-se inocente de todas as acusações.

A morte de George Floyd, aos 46 anos, aconteceu em 25 de maio de 2020, na sequência da sua detenção pela polícia de Minneapolis por suspeita de tentar pagar a conta do supermercado com uma nota falsa de 20 dólares (cerca de 16 euros).

A morte foi filmada em vídeo por transeuntes e divulgada nas redes sociais, sendo que o vídeo mostra Floyd a ser retirado do carro onde seguia sem resistir à polícia e Derek Chauvin a colocar o joelho no pescoço de Floyd e a pressionar durante quase nove minutos. No vídeo é possível ouvir-se Floyd a dizer ao polícia que não consegue respirar, acabando por morrer.

Leia Também: Biden diz que condenação é "passo gigante" contra racismo sistémico

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