"É muito melhor obter a vacina do que evitá-la por causa do medo de obter um coágulo de sangue. De facto, há muito mais casos de coágulos relacionados com o próprio coronavírus do que a hipótese de um num milhão de coágulos com a vacina Johnson & Johnson (J&J)", afirmou hoje o ministro da Saúde, Zweli Mkhize, através de uma declaração.
A administração dos medicamentos de prevenção da covid-19 será retomada na próxima quarta-feira, mas será feita com informação prévia sobre os riscos potenciais para os vacinados e medidas de vigilância adicionais.
A África do Sul está também a criar um fundo estatal para compensar qualquer pessoa que desenvolva efeitos secundários relevantes a partir das vacinas.
"Recordemos que a vacina da J&J é atualmente a melhor vacina contra a variante 501Y.V2, que é dominante neste país. É uma vacina efetiva, fácil de usar e continua a ser mais seguro vacinar do que não vacinar", salientou Mkhize.
A vacinação na África do Sul foi interrompida em 13 de abril, logo a seguir à interrupção da vacinação nos Estados Unidos, após seis casos de coágulos de sangue graves, que entretanto subiram para oito, terem sido detetados entre os quase sete milhões de pessoas a quem tinha sido administrada a vacina de dose única.
Avaliações posteriores indicaram que existe uma "hipótese num milhão" de desenvolver coágulos, com mulheres entre os 18 e os 48 anos de idade em risco particular.
Com estes dados, a recomendação global tem sido de continuar a aplicar a vacina, sublinharam as autoridades sul-africanas.
Na passada sexta-feira, um painel de conselheiros do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) norte-americano recomendou às autoridades de saúde a continuação do uso desta vacina.
Os peritos afirmam que os riscos de administração da vacina, associada a casos muito raros de coágulos sanguíneos, são pequenos tendo em conta os benefícios da imunização contra um vírus que ainda infeta dezenas de milhares de norte-americanos todos os dias.
A vacina da empresa belga Janssen, uma subsidiária da multinacional americana J&J, é de momento a única disponível para a África do Sul, uma vez que a proposta da AstraZeneca foi rejeitada em fevereiro passado pelo governo, devido à sua baixa eficácia contra a variante 501Y.V2 (descoberta na nação da África Austral em dezembro passado, e mais contagiosa e resistente às vacinas).
A África do Sul, que é o país mais atingido pela covid-19 no continente, com 1.575.471 casos e 54.148 mortes, tem vacinadas 292.623 pessoas.
Receberam a vacina trabalhadores da saúde envolvidos num estudo especial de acesso antecipado, chamado protocolo Sisonke, utilizando meio milhão de doses da vacina da J&J que a empresa deu gratuitamente ao país, após a AstraZeneca ter abandonado a empresa.
Na sua declaração de hoje, o ministro da Saúde da África do Sul explicou que as primeiras 1,1 milhões de vacinas comerciais da J&J, a serem aplicadas de forma geral, não no âmbito do estudo, estão finalmente prontas para serem distribuídas a partir da fábrica da farmacêutica sul-africana Aspen (localizada no sudeste do país), com a qual a multinacional tem um acordo de fabrico.
Mkhize disse ainda que o primeiro lote de vacinas da farmacêutica Pfizer, adquirido pelo Governo, chegará ao país na primeira quinzena de maio.
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