Criadores da Sputnik V apontam "fundo político" na rejeição no Brasil
Os criadores da vacina Sputnik V apontaram hoje um "pano de fundo político" na decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador do Brasil, que proibiu a importação da vacina contra covid-19 desenvolvida na Rússia.
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Mundo Covid-19
"Os atrasos da Anvisa na aprovação da Sputnik V têm, infelizmente, antecedentes políticos e não têm nada a ver com acesso à informação ou ciência", disseram os criadores da vacina Sputnik V numa publicação na rede social Twitter.
Os investigadores do imunizante lembram que, no relatório anual do Departamento de Saúde dos Estados Unidos da América, um alto funcionário admitiu que "convenceu o Brasil a desistir da vacina russa contra a covid-19".
A Anvisa brasileira indeferiu a importação emergencial de doses da Sputnik V na segunda-feira, considerando que o pedido de uso de emergência do imunizante carece da documentação exigida de outros fabricantes.
O Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, indicou que a fabricante russa não entregou o "laudo técnico completo" do imunizante e informou que funcionários da agência regulatória foram impedidos de fazer uma visita técnica às instalações do Instituto Gamaleya, na Rússia.
No Brasil, que já vacinou 29 milhões de pessoas com pelo menos a primeira dose, a vacina Coronavac, do laboratório chinês Sinovac, é aplicada em caráter emergencial, assim como o imunizante desenvolvido pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, garantiu hoje que "se não houver dados suficientes, eles serão fornecidos, não há dúvida".
Peskov também ressaltou considerar que já há informações suficientes sobre a eficácia da Sputnik V, que é de 97,6%, segundo dados recolhidos pelos investigadores com base na taxa de infeção registada em quem foi vacinado na Rússia com ambos os componentes entre 05 de dezembro de 2020 e 31 de março de 2021.
"A experiência já é muito extensa. Muitos dados foram coletados, indicando que é a vacina mais eficaz do mundo e a mais confiável", disse Peskov.
Em janeiro, o presidente do Fundo Russo de Investimento Direto (FIDR) anunciou que forneceria 150 milhões de doses da Sputnik V ao Brasil em 2021.
O acordo foi firmado em Moscovo entre o FIDR e o presidente da farmacêutica brasileira União Química, Fernando de Castro Marques, que então propôs pedir autorização para o "uso urgente" da vacina russa entre a população brasileira.
Na semana passada, a Argentina tornou-se o primeiro país da América Latina a produzir a Sputnik V através do Laboratório Richmond, que espera produzir 500 milhões de doses em 2022 para exportação aos países da região.
O Brasil enfrenta atualmente a pior fase da pandemia, com 391.936 óbitos e 14.369.423 infeções.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.122.150 mortos no mundo, resultantes de mais de 147,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Leia Também: OMS e EMA iniciam a 10 de maio 2.ª ronda de avaliação à vacina Sputnik V
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