Num relatório de 148 páginas em que reporta o estado da "democracia em apuros", o Conselho da Europa denuncia que, em 2020, vários países viram ainda mais afetadas as já antes ameaçadas salvaguardas de direitos cívicos e liberdades individuais.
Para Marija Pejcinovic Buric, secretária-geral do Conselho da Europa, verificou-se um "claro e preocupante retrocesso democrático" nos países europeus, sob o pretexto da luta contra a crise sanitária.
"O risco é que a nossa cultura democrática não se recupere totalmente", avisou Buric, durante uma sessão por videoconferência a partir de Atenas, para apresentação do relatório.
Entre os países citados por práticas não democráticas estão a Rússia, Turquia, Moldávia, Hungria e Azerbaijão, onde o relatório denuncia a existência de procedimentos de intimidação e detenção arbitrária de pessoas críticas dos regimes, jornalistas e membros de organizações da sociedade civil.
O documento fala ainda de governos que fizeram alterações no sistema judiciário que podem ser interpretadas como ameaças à sua independência.
O Conselho da Europa detetou ainda países onde eleições foram adiadas ou conduzidas em "condições aquém das ideais, não permitindo a sua efetiva monitorização".
O relatório regista ainda situações em que o poder foi concentrado e centralizado nas mãos do Governo, usando como pretexto as medidas de restrição para o combate à pandemia de covid-19.
Buric denunciou um aumento de casos de violência contra as mulheres, durante os períodos de confinamento por causa da pandemia, enquanto migrantes e outros grupos vulneráveis enfrentaram comportamentos abusivos por parte das autoridades de forma mais frequente.
"A triste realidade é que um aumento nas taxas de violência doméstica era previsível desde o início da crise. Os períodos de confinamento permitiram que as vítimas ficassem isoladas com os seus agressores '', explicou a secretária-geral do Conselho de Europa.
Com sede em Estrasburgo, França, o Conselho da Europa (que não é uma instituição da União Europeia) foi criado após a Segunda Guerra Mundial para proteger os direitos humanos e democráticos da Europa ocidental, tendo mais tarde acolhido a Rússia e vários países da esfera de influência da antiga União Soviética.
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