Macron visita Ruanda no final do mês para escrever nova página na relação

O Presidente francês, Emmanuel Mácron, anunciou terça-feira que vai visitar o Ruanda "no final de maio", esperando escrever, em colaboração com o Presidente Paul Kagame, "uma nova página da relação" entre a França e o Ruanda.

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Lusa
19/05/2021 06:20 ‧ 19/05/2021 por Lusa

Mundo

França

 

O anúncio acontece um dia após o Presidente ruandês ter dito que os dois países tinham "boas bases para construir uma boa relação", depois de um relatório de historiadores franceses ter concluído que Paris tinha "responsabilidades esmagadoras" no genocídio de Tutsis, em 1994.

A viagem do Presidente francês centrar-se-á em "questões políticas, memoriais, mas também económicas e de saúde", disse o chefe de Estado aos jornalistas, no final de uma cimeira sobre as economias africanas em que Paul Kagame esteve presente.

Questionado sobre um possível pedido de desculpas da França, tal como fez a Bélgica há alguns anos, após o genocídio, o Presidente francês escusou-se a especificar o que tencionava dizer aos ruandeses. "O que tenho a dizer, direi nessa altura", afirmou.

Na segunda-feira, Kagame disse numa entrevista à France 24 e à RFI que a decisão sobre este ponto cabia à França, sublinhando ao mesmo tempo que "apreciaria" o gesto.

A questão do papel da França antes, durante e depois do genocídio do Tutsis no Ruanda tem sido um tema quente há anos e levou mesmo ao rompimento das relações diplomáticas entre Paris e Kigali, entre 2006 e 2009.

Em março, o relatório Duclert identificou "pesadas e esmagadoras responsabilidades" e a "cegueira" do então Presidente socialista François Mitterrand e da sua comitiva face à deriva racista e genocida do governo Hutu, que Paris apoiou na altura.

"Posso viver" com as conclusões do relatório, que excluiu a "cumplicidade" da França, comentou Kagame na segunda-feira. O Presidente ruandês, que liderou a rebelião Tutsi de 1994, que pôs fim ao genocídio, há muito que acusa Paris de ser "cúmplice".

Entre abril e julho de 1994, o genocídio matou mais de 800.000 pessoas, principalmente entre a minoria Tutsi.

Leia Também: Jerusalém: Macron condena "firmemente" disparos reivindicados pelo Hamas

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