Ministro marroquino diz que Espanha sabia o "preço de subestimar" o país

O ministro dos Direitos do Homem marroquino considera que Espanha sabia "que o preço de subestimar" Marrocos "era muito caro", após decidir acolher o secretário-geral da Frente Polisário, Brahim Ghali, um "inimigo" do seu povo.

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Lusa
19/05/2021 09:34 ‧ 19/05/2021 por Lusa

Mundo

Migrações

 

Numa nota publicada na rede social Facebook, o ex-ministro da Justiça marroquino Mustafa Ramid disse que Espanha optou pela "relação com a Frente Polisário" e com a Argélia, país que protege esse movimento, "às custas de sua relação com Marrocos".

O político magrebino indicou que Marrocos "sacrificou muito pela boa vizinhança" e "deve ser objeto da atenção" da nação vizinha e da sua grande preocupação no que se refere à Frente Polisário.

Espanha e Marrocos estão a passar por uma crise diplomática sem precedentes depois de o governo de Madrid ter concordado em receber o líder da Frente Polisário por motivos humanitários e mantê-lo hospitalizado num centro de saúde na região de La Rioja.

Marrocos respondeu, permitindo que milhares de migrantes sem documentos entrassem em Espanha nas últimas horas através da fronteira com a cidade espanhola de Ceuta, no Norte da África.

O Governo espanhol teve de mobilizar o exército e avisou Marrocos que defenderá a integridade territorial das suas fronteiras "com todos os meios", e o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, foi a Ceuta manifestar a sua solidariedade para com a cidade neste momento único na sua história.

"A aceitação do Estado da Espanha em receber o presidente do grupo armado Polisário, em hospedá-lo num dos seus hospitais com falsa identidade, sem levar em conta a boa vizinhança que exige coordenação e consulta, ou pelo menos notícias nestes casos, é irresponsável", assegurou Mustafa Ramid.

A Frente Polisário considerada como um grupo terrorista por Rabat, reivindica o direito à autodeterminação no Saara Ocidental, território que foi colónia espanhola e posteriormente ocupado pelo Marrocos.

Desde a manhã de segunda-feira, quase 8.000 migrantes entraram no enclave espanhol de Ceuta a nado ou a pé, uma onda migratória sem precedentes.

Ao mesmo tempo, na madrugada de segunda para terça-feira, 86 migrantes, de um total de mais de 300, entraram no enclave de Melilla, localizado a 400 quilómetros a leste.

Cerca de 4.000 migrantes foram devolvidos a Marrocos, tendo o Ministério do Interior espanhol anunciado o envio de reforços da polícia local para fazer frente ao fluxo maciço e repentino de milhares de migrantes no enclave espanhol.

Depois de a ministra dos Negócios Estrangeiros espanhola, Arancha González Laya, ter chamado a embaixadora marroquina em Espanha, Karima Benyaich, para expressar o desagrado pela situação, a diplomata foi também convocada por Rabat.

Ceuta e Melilla, as únicas fronteiras terrestres da União Europeia com África, são regularmente palco de tentativas de entrada de migrantes, mas a maré humana de segunda-feira não tem precedentes.

Embora Rabat seja um aliado fundamental de Madrid na luta contra a imigração ilegal, as relações diplomáticas entre os dois países deterioraram-se desde que Espanha recebeu, no final de abril, o líder dos separatistas saarauís da Frente Polisário, Brahim Gali, para ser tratado devido à covid-19, uma decisão que despertou a ira de Rabat.

Leia Também: Espanha devolve metade dos 8 mil marroquinos chegados a Ceuta

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