"Tem sido um ano longo. Tem sido um ano doloroso", disse Bridgett Floyd, a irmã de George Floyd, no domingo, à multidão que se juntou nas ruas de Minneapolis, no estado norte-americano do Minnesota, para assinalar o primeiro aniversário da morte do afro-americano de 46 anos, que sucumbiu às mãos da polícia por, alegadamente, ter utilizado uma nota falsa de 20 dólares (cerca de 16 euros) num minimercado.
O vídeo da detenção, com particular incidência sobre o comportamento do agente Derek Chauvin, que manteve o joelho nas costas e no pescoço de Floyd durante vários minutos, levou aos quatro cantos do mundo os apelos desesperados do afro-americano, que encontraram eco no sentimento de toda a comunidade: "Não consigo respirar".
Floyd acabaria por morrer no mesmo dia e a sua morte deu um novo ímpeto ao movimento 'Black Lives Matter', nas ruas de Minneapolis logo no dia seguinte.
Um estudo revelado na altura mostrava que, entre 2014 e 2019, nos Estados Unidos, 99% das mortes atribuídas a agentes policiais não resultaram em qualquer condenação e o sentimento de indignação contra a violência policial espalhou-se e espelhou-se em mais de 2.000 manifestações em todos os 50 estados norte-americanos, alargando-se depois a várias outras cidades em diversos países.
Derek Chauvin, o antigo agente da polícia de Minneapolis, foi considerado culpado de todas as acusações (homicídio negligente, simples e agravado), estando pendente a leitura da sentença. Chauvin e três outros antigos agentes foram acusados e detidos na sequência da morte de Floyd. O julgamento dos outros três ex-agentes, acusados de auxílio e de cumplicidade na morte, foi adiado para março de 2022.
Presente na marcha de homenagem esteve também o reverendo Al Sharpton, ativista dos direitos civis, que apelou ao fim da desigualdade racial no sistema de justiça. "Queremos que algo saia de Washington. Queremos algo que mude a lei federal. A justiça tem sido adiada há demasiado tempo", disse, citado pela Reuters.
Não é só nos Estados Unidos que se faz sentir a centelha de mudança. A Agência europeia dos Direitos Fundamentais defendeu ontem que "todos têm o direito à igualdade de tratamento", denunciando que as minorias étnicas, religiosas ou sexuais continuam mais expostas a patrulhas e revistas policiais na Europa em comparação à população geral.
Pela primeira vez, um relatório - intitulado na versão original 'Your rights matter: police stops' - revelou as diferenças que ainda prevalecem em todos os 27 estados-membros do bloco comunitário, na Macedónia do Norte e no Reino Unido quando se trata da experiência das minorias e da população em geral em relação à intervenção e à atuação das forças policiais.
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