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Tigray. Human Rights Watch critica ocupação de escolas

A Organização Não Governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) disse hoje que as escolas da região de Tigray, na Etiópia, estão a ser ocupadas e saqueadas pelas forças governamentais e pelos rebeldes desde que começou o conflito.

Tigray. Human Rights Watch critica ocupação de escolas
Notícias ao Minuto

11:38 - 28/05/21 por Lusa

Mundo Tigray

"A ocupação e os danos feitos nas escolas acaba por afetar as vidas das gerações futuras de Tigray, a que se somam as perdas atuais das comunidades, que já duram há seis meses", disse a diretora da região do Corno de África da HRW, Laetitia Bader, citada pela agência espanhola de notícias Efe.

Esta ONG documentou o uso de várias escolas da região como bases militares, exemplificando com a escola preparatória pública Atse Yohannes na capital regional, Mekelle, que foi transformada no quartel-general das forças governamentais desde abril, depois o controlo da cidade ter sido recuperado à Frente Popular da Libertação do Tigray no final de novembro do ano passado.

"Depois de ocupar a escola durante várias semanas, foram roubando computadores, televisões de plasma e comida; as autoridades começaram a reparar os danos para que as aulas pudessem recomeçar, mas os soldados voltaram em fevereiro e ocuparam a escola durante mais três meses", lê-se no comunicado citado pela Efe.

As forças etíopes abandonaram a escola em abril e os residentes de Mekelle confirmaram então os danos generalizados nas salas, laboratórios e oficinas, para além da destruição das instalações elétricas, canalização e mensagens de ódio e insultos escritos nas paredes contra os habitantes da região.

"A destruição não justificada de propriedade civil pelos militares está proibida e pode ser um crime de guerra", disse a HRW, chamando a atenção para os efeitos de longo prazo que estes atos podem ter nos jovens da região.

De acordo com os dados do Governo, recolhidos pela HRW, 15 escolas em Tigray sofreram danos significativos, enquanto outras 53 sofreram alguns danos, mas os números deverão ser maiores, segundo esta ONG.

"os combates em Tigray estão a privar muitas crianças de uma educação e as partes em guerra só estão a piorar as coisas", disse Bader, apelando à comunidade internacional para pedir ao governo etíope para "tomar todas as medidas necessárias para garantir que as escolas possam reabrir de maneira segura, incluindo pondo gim ao uso militar das escolas e castigar o pessoal militar responsável pelos abusos".

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, lançou uma operação militar em 04 de novembro contra as autoridades da Frente de Libertação do Povo do Tigray (TPLF), em conflito com o governo federal.

Os combates continuam na região, onde a situação humanitária crítica está a alarmar a comunidade internacional.

Leia Também: Deslocados acusam forças armadas de "tortura" e "morte" no Tigray

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