O posto, localizado perto da cidade de Bougouni, a uma centena de quilómetros das fronteiras da Costa do Marfim e da Guiné, foi atacado entre as 03h30 e as 04h00, horas locais (04h30 e as 05h00, hora de Lisboa) por homens armados não identificados e suspeitos de serem 'jihadistas', disse o responsável, que pediu anonimato, uma prática sistemática neste tipo de situações.
Um oficial local, que também insistiu no anonimato, confirmou o ataque, precisando que era direcionado a um posto misto de polícias e de serviços florestais. O posto está localizado num importante eixo de circulação entre o Mali e a Costa do Marfim.
O ataque aconteceu no dia em que 12 chefes de estado da África Ocidental e delegações da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) iniciam uma cimeira especial na capital do Gana, Accra.
O tema principal são os recentes desenvolvimentos políticos no Mali, com a estabilidade do país e de toda a região do Sahel como base de discussão, assim como a solução para a difícil questão de reação ao duplo golpe de Estado dos militares malianos.
O Mali sofreu dois golpes militares em nove meses e passa por uma crise profunda de múltiplas dimensões como segurança, política e económica, depois do desencadeamento das rebeliões de independentistas e 'jihadistas', no Norte, em 2012.
As ações de grupos armados filiados da Al-Qaeda e da organização do estado islâmico, bem como a violência de todos os géneros, alastrou-se para o centro do Mali, assim como para os vizinhos Burkina Faso e Níger, apesar do empenho das forças armadas da Organização das Nações Unidas (ONU) e africanas.
Os vizinhos do Mali estão preocupados com o avanço 'jihadista' em direção ao sul, que tem sido relativamente poupado, mas onde estão presentes grupos próximos de apoio ao Islão e aos muçulmanos (GSIM ou Jnim, na sigla árabe) filiados à Al-Qaeda.
O Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouatara, o Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, e o Presidente do Burkina Faso, Marc Christian Kabore, são dos mais esperados na cimeira, assim como o agora oficialmente Presidente do Mali, o coronel Assimi Goïta, que se encontra desde sábado em Accra, em reuniões bilaterais.
O Tribunal Constitucional do Mali declarou na sexta-feira o coronel Assimi Goïta como o Presidente de transição do país, concluindo o intenso golpe lançado na segunda-feira contra os que se opunham.
Na segunda-feira, o ex-comandante do batalhão das forças especiais prendeu o presidente e o primeiro-ministro, fiadores civis da transição. A versão inicial de uma destituição autoritária tornou-se se oficialmente numa demissão.
Com esta nomeação, o Tribunal Constitucional formalizou um facto consumado que os parceiros do Mali tentaram opor após o golpe de agosto de 2020.
Assimi Goita e um grupo de coronéis depuseram o Presidente Ibrahim Boubacar Keita após meses de protestos popular, mas, sob pressão internacional, aceitaram a nomeação de um presidente civil e primeiro-ministro.
O compromisso com uma transição civil foi espezinhado, suscitando dúvidas sobre outras promessas, a começar pela realização de eleições no início de 2022. A junta afirmou nos últimos dias que pretende respeitar o calendário, mas acrescentou que pode estar sujeito a avaliação de riscos.
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