"O Governo sediará o Ministério do Turismo e Transportes na ilha do Sal, dando seguimento à opção tomada relativamente ao Instituto do Turismo [sede no Sal] e à opção de criação Zona Exclusiva de Economia Aérea com sede no Sal", lê-se no Programa do Governo para a nova legislatura, até 2026, entregue na quinta-feira no parlamento.
A Assembleia Nacional de Cabo Verde vai debater e votar na sessão parlamentar que se inicia em 16 de junho o Programa do Governo da nova legislatura, que culminará com a votação da necessária moção de confiança ao executivo.
Atualmente, apenas o Ministério da Economia Marítima, desde a legislatura anterior, tem sede fora da Praia, neste caso no Mindelo, ilha de São Vicente.
Cabo Verde recebeu em 2019 um recorde de 819 mil turistas, mais de 40% com destino à ilha do Sal. Contudo, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19, a procura turística por Cabo Verde recuou mais de 70% em 2020, sendo este um setor que garante cerca de 25% do Produto Interno Bruto do país.
Sobre a Zona Exclusiva de Economia Aérea, "com o epicentro na ilha do Sal", tirando partido do 'hub' que a Cabo Verde Airlines pretende manter na ilha, o Programa do Governo refere que contempla "o desenvolvimento de uma plataforma de redistribuição de pessoas e cargas entre os três continentes banhados pelo Atlântico".
No documento é referido que será criado desta forma um "setor exportador de alto valor acrescentado, um mercado de serviços de apoio", nomeadamente centro de manutenção de aeronaves e a operacionalização do Instituto de Aeronáutica Civil e da Indústria do Turismo, integrado na Universidade Técnica do Atlântico, com sede na ilha de São Vicente e que tem em instalação um polo no Sal.
O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, apontou o emprego e a redução da pobreza como prioridades do Governo no novo mandato iniciado em maio, mantendo a necessidade de alívio da dívida externa para recuperar a economia.
"O emprego, a eliminação da pobreza extrema e a redução da pobreza absoluta são as nossas grandes prioridades", afirmou Ulisses Correia e Silva, após ter sido empossado pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, em 20 de maio para um novo mandato como primeiro-ministro, juntamente com os restantes 27 membros do VIII Governo Constitucional da segunda República.
"Lançaremos um forte pacote social dirigido às famílias em situação de pobreza extrema e economicamente vulneráveis e que integra o alargamento do acesso a rendimentos, a cuidados, à educação, à formação, à inclusão produtiva, à saúde, à segurança social e à habitação condigna", prometeu o primeiro-ministro e líder do Movimento para a Democracia (MpD), partido que venceu as eleições legislativas de 18 de abril, mantendo a maioria absoluta no parlamento.
O líder do Governo acrescentou que o crescimento económico, o alívio da dívida externa, o aumento da resiliência e a diversificação da economia, são "prioridades económicas e ambientais" para este mandato, ainda fortemente marcado pelas consequências económicas e sanitárias da pandemia de covid-19.
Ulisses Correia e Silva apontou a necessidade de o país retomar o crescimento económico "para criar empregos e melhorar o rendimento das famílias", mas também do alívio da dívida externa, "para libertar recursos para investimentos com impacto em transformações estruturais".
Prometeu igualmente medidas para fomentar o "aumento da resiliência e diversificação da economia, para reduzir as vulnerabilidades a choques externos económicos, ambientais e climáticos" e garantiu que o executivo está a trabalhar "para a retoma do turismo".
"Queremos ganhar ainda o verão e, seguramente, cresceremos durante o inverno dos países emissores de turismo para Cabo Verde", apontou, no discurso da tomada de posse.
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