Água pode ter-se formado entre 100 e 200 milhões de anos após o Big Bang

A água pode ter-se formado entre 100 e 200 milhões de anos após o Big Bang, mais cedo do que se pensava, e pode ter sido um constituinte chave das primeiras galáxias.

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Lusa
04/03/2025 06:22 ‧ há 3 horas por Lusa

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Estudo

Um estudo desenvolvido por uma equipa da Universidade de Portsmouth (Reino Unido) e publicado na revista Nature Astronomy, utilizou modelos informáticos de duas supernovas, uma para uma estrela com 13 vezes a massa do Sol e a segunda para uma estrela com 200 vezes a massa do Sol, para analisar os produtos das suas explosões.

 

A água, principal ingrediente para a vida, "existia mesmo antes da formação dos blocos de construção da nossa galáxia", disse Muhammad Latif, da Universidade dos Emirados Árabes Unidos, um dos autores da investigação.

As simulações, para além de mostrarem que a água existia no universo entre 100 e 200 milhões de anos após o Big Bang, mostram que era provavelmente um constituinte chave das primeiras galáxias, indica o estudo.

Sabe-se que os componentes da água (hidrogénio e oxigénio) se formaram de diferentes maneiras.

Os elementos químicos mais leves, como o hidrogénio, o hélio e o lítio, foram forjados no Big Bang, mas os mais pesados, como o oxigénio, são o resultado de reações nucleares no interior de estrelas ou de explosões de supernovas.

Os investigadores descobriram que, na primeira e na segunda simulações, foram criadas 0,051 e 55 massas solares (em que uma massa solar é a massa do nosso Sol) de oxigénio, respetivamente, devido às temperaturas e densidades muito elevadas atingidas.

À medida que este oxigénio gasoso arrefecia e se misturava com o hidrogénio circundante deixado pelas supernovas, podia formar-se água gasosa - sob a forma de vapores - que se acumularia principalmente sob a forma de um disco.

Estes núcleos densos de água "são potenciais hospedeiros de discos protoplanetários que podem mesmo levar à formação de planetas habitáveis na aurora cósmica", segundo Latif.

A radiação da posterior formação estelar poderia destruir essa água, mas também seria possível que a poeira estelar a protegesse dessa radiação.

"Isto é algo que iremos explorar em trabalhos futuros", acrescenta Latif.

Na primeira simulação, os autores descobriram que a massa de água atingiu valores equivalentes a cerca de um centésimo milionésimo a um milionésimo de uma massa solar entre 30 e 90 milhões de anos após a supernova.

 Na segunda, a quantidade de água atingiu aproximadamente 0,001 massas solares após 3 milhões de anos.

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