"No futuro, o IC [Instituto Cultural] irá continuar a desenvolver os trabalhos de identificação, arquivo, levantamento e pesquisa sobre o património cultural intangível de Macau e, em simultâneo, irá continuar a proporcionar uma plataforma de divulgação e promoção para a conservação e a sucessiva transmissão deste tipo de património", pode ler-se no comunicado divulgado pelas autoridades.
A ideia é garantir "'desenvolvimento no exterior' do património cultural intangível de Macau, com o objetivo de o proteger e promover cada vez mais", segundo a mesma nota.
O IC frisou que "a inscrição bem sucedida dos itens (...) não só aumenta o seu reconhecimento e seus mecanismos de proteção do património cultural intangível, como também reflete e serve de exemplo sobre o intercâmbio harmonioso que houve em Macau entre as culturas chinesa e ocidental".
A China anunciou hoje que incluiu na Lista de Património Cultural Imaterial Nacional três itens de Macau: a Gastronomia Macaense, o Teatro em Patuá e as Crenças e Costumes de Tou Tei.
"É um dia de regozijo para a cultura macaense. É um dia especial, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, mas também para o patuá e para a gastronomia macaense", reagiu em declarações à Lusa o diretor do grupo teatral Dóci Papiaçam di Macau e presidente da Associação dos Macaenses.
Miguel da Senna Fernandes destacou que, além do valor simbólico e do reconhecimento do trabalho local, a inclusão na lista nacional é importante ao nível da preservação e proteção do património.
A Gastronomia Macaense, que se baseia no método de confeção dos alimentos da culinária portuguesa, integra ingredientes e métodos culinários do continente africano e do subcontinente indiano, bem como da Malásia e, claro, locais.
"Através da combinação dos méritos da culinária de cada região, a gastronomia local desenvolveu-se de forma única, aperfeiçoando-se ao longo dos séculos, tornando-se um subproduto histórico da cultura da navegação portuguesa", descrevem as autoridades de Macau.
Já o Teatro em Patuá, traz a palco "comédias que ridicularizam e criticam os problemas sociais predominantes", dando 'voz' ao dialeto macaense (patuá), um crioulo português influenciado sobretudo pelas línguas cantonesa, espanhola, inglesa e malaia.
Hoje, está em extinção, com especialistas a explicarem que este sistema linguístico criado pelos imigrantes lusos em Macau ao longo dos últimos quatrocentos anos foi desaparecendo devido à obrigação de aprendizagem do português nas escolas, imposta pela administração portuguesa.
Finalmente, a lista nacional chinesa integra agora as Crenças e Costumes de Tou Tei.
"Macau possui cerca de 10 templos e mais de 140 altares dedicados a Tou Tei, bem como tabuletas individuais na entrada de muitas residências e lojas. (...) Em cada ano lunar, o segundo dia do segundo mês marca a celebração do festival de Tou Tei, comummente conhecido como 'Tau Nga', durante o qual muitos dos templos locais dedicados a Tou Tei organizam grandes eventos festivos, incluindo rezas, danças do leão, óperas chinesas para divindades, e banquetes" tratando-se de "uma importante festividade religiosa para a comunidade chinesa em Macau", segundo as autoridades.
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