Se confirma que a situação climática é "muito grave" e que é preciso "agir já", o texto saído do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em Inglês) é também fonte de "esperança", porque mostra que "há cada vez mais pessoas prontas a dizerem as coisas tal como elas são", disse a jovem ativista sueca, em declarações à AFP.
"É a realidade e é a isto que temos de nos adaptar", insistiu a promotora das "Sextas-feiras pelo Futuro" e das greves estudantis pelo clima.
Segundo a versão preliminar de um documento que deve ser divulgado no próximo ano, revelado quarta-feira pela AFP, a vida na Terra como a conhecemos vai estar inelutavelmente transformada pela rutura climática, quando as crianças nascidas em 2021 tiverem 30 anos, ou até antes.
Escassez de água, migrações, má nutrição e extinção de espécies são algumas das realidades emergentes, segundo a mesma fonte.
Qualquer que seja o ritmo de redução das emissões de gases com efeito de estufa, os impactos devastadores do aquecimento global sobre a Natureza e a humanidade, que dela depende, vão acelerar e tornar-se dolorosamente palpáveis bem antes de 2050.
"Não podemos enfrentar esta crise sem dizer as coisas como elas são, enquanto não formos suficientemente adultos para dizer a verdade e olhar a realidade cara-a-cara", considerou Greta Thunberg.
"Portanto, é algo que pode contribuir para que as pessoas deem mais atenção, o que é muito útil", sublinhou.
A sueca, de 18 anos, julga que o relatório permite "abrir os olhos", o que vale mais do que "se tranquilizar erradamente", comparou.
"Algumas pessoas estão tão obcecadas pela ideia de não criar medo que não querem falar da crise climática. Mas a minha experiência com as pessoas que tenho encontrado é exatamente a oposta", disse à AFP, por videoconferência, a partir dos arredores de Estocolmo.
"O pior é quando não queremos enfrentar a realidade e atenuamos as coisas, dizendo: 'isto resolve-se, não se inquietem' (...) ou 'estamos a fazer tudo o que podemos', quando não é verdade", apontou.
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