Festas de São Pedro novamente canceladas no bairro português em Malaca
As Festas de São Pedro no bairro português em Malaca foram cancelas pelo segundo ano consecutivo devido à pandemia, ainda assim os líderes locais vão fazer um evento virtual para recordar a importância de manter vivas as tradições.
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Mundo Covid-19
"Este ano a 'Festa San Pedro' terá de ser adiada como no ano passado também, mas haverá uma celebração de forma moderada, na sua maioria dentro da comunidade", contou à Lusa o representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca, Joseph Santa Maria.
"Os líderes locais pretendem fazer um evento virtual e recordar à comunidade a importância de manter vivas as tradições, pois isto dá uma identidade aos portugueses de Melaka [Malaca]", acrescentou, detalhando que o evento será realizado na terça-feira, dia da Festa de São Pedro.
Ainda assim, há uma tradição que não poderá deixar de ser feita neste bairro da Malásia com cerca de mil a dois mil lusodescendentes em mais de 110 casas: a bênção dos barcos de pesca pelo padre da comunidade.
Há dois anos, o então secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, participou na procissão e bênção dos barcos de pesca, dois eventos que juntam centenas de luso-malaios no bairro português da cidade, após ter marcado presença na 2.ª Conferência das Comunidades Portuguesas na Ásia.
Em 2019, o encontro juntou no Bairro Português de Malaca representantes das comunidades asiáticas descendentes de portugueses, numa iniciativa de partilha das raízes culturais, com cerca de 300 luso-asiáticos, de várias comunidades do continente.
A relação com Portugal remonta a 1509 quando Diogo Lopes Sequeira, enviado do Rei D. Manuel, aportou em Malaca para estabelecer relações com o soberano local e dois anos mais tarde Afonso de Albuquerque desembarcou em Malaca, demoliu a Grande Mesquita, e levantou no local uma fortaleza que seria um importante entreposto comercial.
Na mesma altura, surge o crioulo de matriz portuguesa kristang, uma língua agora ameaçada de extinção, que emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialetos chinês e indiano.
Depois de 100 anos de domínio português, a cidade foi tomada pelos holandeses, depois pelos ingleses, até à independência da Malásia, em 1957.
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