ONU pede medidas para combater utilização de crianças em conflitos
Vários membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) apelaram hoje para a tomada de medidas para combater a utilização de crianças em conflitos, um fenómeno em crescimento no Sahel.
© OLYMPIA DE MAISMONT/AFP via Getty Images
Mundo ONU
"As crianças vão contar-vos histórias que nenhuma criança deve ser capaz de contar", de serem "recrutadas à mão armada, violadas, forçadas a assassinar irmãos ou os seus pais", afirmou a embaixadora dos Estados Unidos da América na ONU, Linda Thimas-Greenfield, durante uma videoconferência de chefes de Estado sobre o tema das crianças em conflitos.
"Estas crianças não são muitas vezes maiores que as armas que transportam. São ensinados a cometer crimes de guerra antes de poderem contar. Para dar apenas um exemplo, no início deste mês, na aldeia de Solhan, na região de Sahel [no Burkina Faso], um grupo armado não estatal matou mais de 130 civis, muitos dos quais crianças. Este grupo armado? Eram principalmente jovens entre os 12 e os 14 anos", apontou a diplomata norte-americana, citada pela agência France-Presse sobre o facto de haver "crianças a matar crianças".
Em 23 de junho, o Governo do Burkina Faso anunciou que este massacre, o mais mortífero da história recente do país, foi perpetrado principalmente por crianças.
O ataque à aldeia de Solhan, na região norte de Sahel, provocou a morte de 132 pessoas, segundo o balanço oficial do Governo, mas um oficial do Estado-Maior das Forças Armadas do Burkina Faso disse à Efe, sob anonimato, que há pelo menos 160 mortos.
Kersti Kaljulaid, Presidente da Estónia e presidente em exercício do Conselho de Segurança, também se pronunciou contra a utilização de crianças na guerra.
Segundo a chefe de Estado, "a situação das crianças em conflitos armados tem sido marcada por um elevado número sustentado de violações graves", prosseguiu, acrescentando que a pandemia de covid-19 não ajudou este "alvo fácil".
Segundo o mais recente relatório do secretário-geral da ONU, António Guterres, foram registadas mais de 26.000 violações graves contra crianças, havendo um aumento acentuado desde 2019.
O Burkina Faso, um país do Sahel, que faz fronteira, entre outros, com o Mali e o Níger, tem vindo a enfrentar, nos últimos seis anos, ataques 'jihadistas' cada vez mais frequentes e mortais.
A espiral de violência 'jihadista' no Burkina Faso fez mais de 1.400 mortos desde 2015 e deslocou mais de um milhão de pessoas.
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