Exames escolares nos EUA revelam atrasos na aprendizagem durante pandemia
As notas dos primeiros exames nacionais feitos durante a pandemia de covid-19 nos Estados Unidos estão a revelar atrasos na aprendizagem dos alunos, de acordo com os primeiros resultados revelados por responsáveis da Educação.
© Reuters
Mundo Covid-19
A reversão de anos de progresso académico, devido à pandemia, é reportada por alguns Estados, entre os quais o Texas, um dos primeiros a divulgar os resultados completos dos exames de Primavera.
No Texas, a percentagem de alunos com nota positiva na compreensão de texto nos exames do seu ano caiu para os níveis mais baixos desde 2017, enquanto as notas de matemática atingiram os valores mais baixos desde 2013.
Os primeiros resultados fornecem alguns dados firmes sobre os efeitos do encerramento das escolas em março de 2020, a mudança para o ensino à distância e as interrupções letivas.
Ao todo, cerca de 800 mil alunos estão, agora, atrasados no seu nível de matemática, disse o Estado do Texas num relatório divulgado na terça-feira.
"Foi verdadeiramente profundo o impacto do coronavírus naquilo que a escola significa e é. Serão necessários vários anos de mudança e apoio para ajudar as crianças a recuperar", disse o comissário de educação do Estado, Mike Morath.
Os estudantes dos EUA tiveram um ano de interrupção dos exames exigidos a nível nacional no ano passado, quando a administração de Donald Trump suspendeu os exames em plena subida dos índices de contágio da covid-19 no país.
No entanto, o Governo de Joe Biden ordenou a retoma dos exames com uma nova flexibilidade, recomendando aos Estados que não exigissem aos alunos que se apresentassem nas escolas só para realizar os testes, e o Departamento de Educação concedeu a alguns Estados a liberdade de modificar os testes ou de fazê-los a menos alunos.
Alguns Estados continuaram a pressionar pelo cancelamento total dos testes, incluindo Nova Iorque, Michigan e Georgia, mas o Departamento de Educação negou os pedidos, embora permitisse que Washington DC dispensasse os exames porque 88% dos alunos ainda se encontravam no regime de ensino à distância.
Além do Texas, outros estados partilharam, também, previsões de resultados preocupantes.
Na Florida, as autoridades disseram que as notas de leitura caíram quatro pontos percentuais em comparação com 2019, a última vez que foram realizados testes em todo o Estado.
No Indiana, os responsáveis estaduais estão a advertir para uma queda nas notas de leitura e um "significativo declínio" em matemática.
Os especialistas alertam que as reduzidas taxas de participação nalgumas regiões podem deixar Estados inteiros sem dados confiáveis e que, mesmo dentro dos próprios Estados, há zonas onde muitas famílias optaram por não comparecer.
No Texas, por exemplo, 86% dos alunos fizeram os testes de primavera, menos do que a taxa habitual de 96%.
Os resultados também estão em linha com tendências observadas nos estudos nacionais ao longo do ano passado: os alunos estão a sofrer atrasos na leitura e ainda mais na matemática.
As quedas são ainda mais acentuadas entre os estudantes afro-americanos e oriundos de famílias com baixos rendimentos. Mas em todos os grupos de estudantes, aqueles que tiveram mais tempo de ensino presencial obtiveram melhores resultados nos exames.
"É um pouco frustrante ver o chão a desabar para tantas crianças. Nitidamente, o ensino à distância atingiu com mais força as crianças mais vulneráveis. Já era esperado, mas é sempre duro de assistir", disse o diretor do Centro de Reinvenção da Educação Pública da Universidade de Washington, Robin Lake.
Os especialistas em educação estão particularmente preocupados com os alunos que não fazem parte destes novos resultados, uma vez que os que optaram por não comparecer aos exames têm mais probabilidade de estar no regime de ensino à distância e podem estar entre os que vão precisar de mais ajuda.
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