Questionado pela AFP, o exército israelita limitou-se a afirmar que "foram efetuadas patrulhas de alerta [na Cisjordânia ocupada] para retirar as bandeiras [do movimento islamita palestiniano] Hamas e [impedir] os preparativos na zona".
As autoridades israelitas proibiram quaisquer "celebrações ou cortejos de apoio ao terrorismo" para assinalar as libertações.
Israel confirmou a libertação de 183 detidos palestinianos em troca de três reféns israelitas detidos em Gaza desde o seu rapto em 7 de outubro de 2023, durante o ataque do movimento islamita palestiniano Hamas que desencadeou a guerra.
Entre os prisioneiros libertados, cerca de 40 provenientes da Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel desde 1967, chegaram a Ramallah, sede da Autoridade Palestiniana, ao início da tarde.
Mas na noite anterior, "as casas de vários prisioneiros (que iam ser libertados) foram revistadas em várias cidades" da Cisjordânia, disse à AFP Abdallah al-Zaghari, diretor do Clube dos Prisioneiros, uma ONG que ajuda os palestinianos detidos por Israel.
"A ocupação (Israel, nota do editor) está a tentar privar as famílias dos prisioneiros da alegria das libertações que esperam há décadas", afirmou.
Denunciando "ataques deliberados" e o facto de pessoas idosas terem "sido agredidas", Abdallah al-Zagahri relatou ataques do exército em Belém e Hebron, bem como em Kobar, a norte de Ramallah.
Contactado por telefone em Kobar, o presidente do conselho da aldeia, Chaoukat Barghouti, disse à AFP que os soldados israelitas "invadiram a aldeia depois da meia-noite" e entraram na casa de um antigo prisioneiro, Fakhri Barghouti, que aguardava a libertação do seu filho, Chadi Barghouti.
"Entraram (...), partiram tudo, levaram-me para um quarto ao lado e espancaram-me antes de se irem embora", disse Fakhri Barghouti à AFP. "Levaram-me para o hospital e descobriram que tinha uma costela partida", acrescentou.
"Não temos conhecimento de nenhum incidente deste tipo envolvendo violência durante as atividades noturnas das forças (israelitas) na zona", disse à AFP um porta-voz militar.
Chadi Barghouti, 47 anos, foi um dos 183 detidos palestinianos libertados hoje por Israel, em troca da libertação de três reféns em Gaza, no âmbito das tréguas em curso.
Foi condenado a 27 anos de prisão sob a acusação de posse de uma arma e cumplicidade num homicídio.
Condenado a prisão perpétua por ter matado um soldado israelita, o seu pai foi libertado em 2011, após 33 anos de prisão, numa anterior troca de prisioneiros.
Leia Também: Hamas alerta que cessar-fogo está em perigo e "pode colapsar"