Parlamento belga a favor de designar como genocídio campanha em Xinjiang

O parlamento belga aprovou hoje uma resolução que designa como genocídio a repressão da China contra a minoria étnica de origem muçulmana uigur, no extremo noroeste do país, denunciada também por outros países e organizações internacionais.

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© Thomas Peter/Reuters

Lusa
08/07/2021 11:40 ‧ 08/07/2021 por Lusa

Mundo

Uigures

 

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"Esta é uma votação histórica, inimaginável há poucos meses. O nosso pequeno país agora é maior, porque nos atrevemos a salvaguardar a humanidade", disse o autor do documento, o deputado belga Samuel Cogolati, citado pela agência de notícias EFE.

Cogolati disse acreditar que o resultado levará outros parlamentos a tomar a mesma decisão.

O texto condena "crimes de perseguição e violações massivas dos Direitos Humanos" contra os uigures e exorta a União Europeia a tomar uma "posição firme e inequívoca" sobre esta questão.

A Câmara dos Representantes da Bélgica torna-se assim o sexto parlamento nacional a reconhecer o genocídio, após a Holanda, Canadá, Lituânia, República Checa e Reino Unido.

A esta lista somam-se os Estados Unidos, onde a administração de Joe Biden acusou, em março passado, a China de "genocídio" e "crimes contra a humanidade" na região de Xinjiang, no seu relatório anual sobre os Direitos humanos.

Cogolati, que registou a resolução em fevereiro passado, antes de qualquer país se pronunciar sobre o assunto, considerou que, com esta ação, a Bélgica envia uma "forte mensagem à China" de que "todos os direitos humanos e a dignidade de cada indivíduo" devem ser "absolutamente respeitados".

Organizações não-governamentais estimam que a China mantém detidos cerca de um milhão de uigures e cazaques em campos de doutrinação política.

Antigos detidos relataram maus tratos e violência, e afirmam terem sido forçados a criticar o islão e a sua própria cultura, e a jurar lealdade ao Partido Comunista.

Depois de, inicialmente, negar a existência dos campos, Pequim diz agora que se tratam de centros de "formação vocacional", destinados a treinar uigures, como parte de um plano para trazer a minoria étnica para o mundo "moderno e civilizado", e eliminar a pobreza em Xinjiang.

Desde que, em 2009, a capital do Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional, a China tem levado a cabo uma agressiva política de policiamento dos uigures.

No entanto, a informação disponível sobre o que está acontecer é escassa, devido ao sigilo do país asiático.

Algumas das histórias de antigos detidos foram contadas diretamente pelos seus protagonistas no parlamento belga, em audiências antes de a resolução ser aprovada pelo Comité de Relações Externas da Câmara belga.

"Decidimos não apenas ouvir os relatórios oficiais de organizações internacionais, mas também os depoimentos dos refugiados, que puderam contar-nos sobre a sua própria experiência. Pudemos ouvir sobre as inúmeras detenções ilegais, os casos de tortura e os violações das mulheres", explicou Cogotali.

Depois da votação na Comissão de Relações Externas, Pequim alertou sobre a deterioração das relações bilaterais entre os dois países e pediu à Bélgica que retificasse o seu "erro".

Além disso, em março passado, o regime do líder chinês Xi Jinping colocou vários políticos europeus na sua "lista vermelha", incluindo Cogotali, que está proibido de entrar no país.

Leia Também: Uigures. China avisa Bélgica para deterioração de relações após resolução

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