Transparência Internacional acusa PE de "medidas cosméticas"

A Transparência Internacional (TI) acusou hoje o Parlamento Europeu (PE) ter adotado "medidas cosméticas" para combater a corrupção, perante a suspeita de um novo caso envolvendo lobistas da gigante chinesa Huawei e que terá ramificações em Portugal.

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Lusa
13/03/2025 12:43 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Corrupção

"As novas alegações de suborno hoje divulgadas no Parlamento Europeu mostram como este não conseguiu retirar quaisquer lições significativas dos seus anteriores escândalos de corrupção", referiu a TI, em comunicado.

 

O movimento global que trabalha em mais de 100 países para acabar com a injustiça da corrupção acrescentou ainda que os eurodeputados "em vez de optarem por uma mudança significativa" adotaram, após o escândalo de corrupção Qatargate, que abalou a instituição em 2022, "reformas fracas e cosméticas que não conseguem evitar novos casos de corrupção", considerando que esta nova suspeita "não é, portanto, uma surpresa".

A TI sustenta que "cerca de 15 antigos e atuais eurodeputados terão recebido presentes do gigante tecnológico chinês Huawei, sob a forma de smartphones Huawei, bilhetes de futebol ou transferências bancárias, em troca de posições políticas".

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou a realização de buscas em Portugal no âmbito de uma investigação das autoridades belgas por alegada corrupção no PE envolvendo lobistas da chinesa Huawei.

"Confirma-se a realização de buscas no âmbito de uma DEI (Decisão Europeia de Investigação) emitida pelas autoridades belgas", refere, em resposta à Lusa, fonte oficial do organismo liderado por Amadeu Guerra.

Na Bélgica, a investigação das autoridades judiciais belgas resultaram na detenção de "várias pessoas" para interrogatório, na sequência de rusgas feitas na suspeita de que, segundo o Ministério Público Federal, a corrupção terá sido praticada "regularmente e de forma muito discreta desde 2021 até aos dias de hoje".

As buscas realizaram-se em Portugal e também em Bruxelas e na região francófona da Valónia.

""As infrações foram alegadamente cometidas por uma organização criminosa", defendem as autoridades belgas que sustentam haver "corrupção ativa no Parlamento Europeu, bem como falsificação e utilização de falsificações".

De acordo com o jornal belga Le Soir, a investigação visa as práticas em Bruxelas, desde 2021, de lobistas ligados ao grupo chinês de telecomunicações Huawei.

A investigação suspeita que tenha havido transferências feitas "para um ou mais deputados europeus através de uma empresa portuguesa" que terá sido também alvo de buscas hoje, acrescenta o jornal, sem adiantar pormenores.

Fonte do Parlamento Europeu adiantou à Lusa que este tem, sempre que solicitado, colaborado totalmente com as autoridades.

A Comissão Europeia não comentou o caso, mas lembrou a restrição aplicada à Huawei nas redes de quinta geração (5G).

"Não temos rigorosamente nenhum comentário a fazer sobre esta investigação. Permitam-me, no entanto, recordar que a segurança das nossas redes 5G é obviamente crucial para a nossa economia e é por isso que, na nossa comunicação de 2023, a Comissão avaliou que a Huawei representa riscos materialmente mais elevados do que outros fornecedores", disse o porta-voz da instituição para a soberania tecnológica, Thomas Regnier.

Leia Também: Lóbis no Parlamento Europeu? "Isto passa-se em todos os Parlamentos"

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