Segundo Mongi Slim, chefe da organização humanitária Crescente Vermelho tunisino, os sobreviventes disseram que todos os que morreram estavam no porão da embarcação porque pagaram menos aos contrabandistas e foram sufocados pelo fumo quando o motor se incendiou.
Nos últimos meses, houve um aumento nas travessias e tentativas de barcos de migrantes da Líbia para a Europa.
A embarcação tinha cerca de 400 migrantes a bordo, 200 dos quais foram recolhidos por navios da Marinha da Líbia, adiantou Slim.
As unidades navais tunisinas recuperaram 17 corpos e resgataram 166 migrantes de vários países como Marrocos, Egito, Síria e Costa do Marfim, além do Bangladesh, acrescentou.
O barco com os migrantes partiu na noite de segunda-feira da costa de Zouara, na Líbia, com o objetivo de chegar à Europa, mas afundou no porto tunisino de Zarzis, prosseguiu Slim.
A guarda costeira da Líbia intercetou na quarta-feira quatro embarcações no mar Mediterrâneo que transportavam migrantes cujo destino era a Europa, de acordo com um funcionário das Nações Unidas.
Segundo os migrantes, 20 pessoas de uma das embarcações caíram ao mar no início do dia e, presumivelmente, afogaram-se.
No início desta semana, a guarda costeira tunisina frustrou oito tentativas de migração ilegal e deteve 130 migrantes, segundo o porta-voz da Guarda Nacional, Houssameddine Jebabli.
Safa Msehli, porta-voz da Organização Internacional para as Migrações, disse que sete embarcações que contrabandeavam centenas de migrantes foram intercetadas na terça-feira e quarta-feira na costa da Líbia.
Cerca de 500 migrantes foram devolvidos à costa e levados para um centro de detenção em Trípoli.
Nos últimos anos, a Líbia emergiu como ponto de trânsito dominante para migrantes que fogem da terra e da pobreza em África e no Médio Oriente.
Na sexta-feira passada, a Amnistia Internacional denunciou, em relatório, as devoluções forçadas de migrantes e refugiados à Líbia, alertando que as pessoas passam a ser alvo de múltiplas violações de direitos humanos, com o "apoio material" e das "políticas migratórias" da União Europeia.
"Só nos primeiros seis meses de 2021, mais de 700 migrantes e refugiados afogaram-se na rota do Mediterrâneo Central. Durante o mesmo período, a guarda costeira líbia devolveu à Líbia mais de 15.000 pessoas, mais do que em todo o ano de 2020", lê-se no documento.
A organização não-governamental garantiu que, após o retorno ao país e consequente colocação em centros de detenção, os migrantes são sujeitos a violações de direitos humanos como "violência sexual, tortura, agressões, trabalho forçado e vários outros abusos com impunidade".
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