Cruz Vermelha preocupada com aumento de infetados nas prisões de Myanmar
O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICR) expressou hoje a sua "preocupação" com o aumento do número de infetados por covid-19 em Myanmar (antiga Birmânia), nomeadamente com os surtos nas prisões do país.
© Lusa
Mundo Covid-19
O organismo internacional indicou, em comunicado, que está a acompanhar "de perto" as informações publicadas sobre o aparecimento de surtos nos estabelecimentos prisionais, nomeadamente na prisão de Insein, em Rangum, onde se encontram dezenas de presos políticos.
Os representantes do CICR estão a dialogar com as autoridades "para retomar as visitas puramente humanitárias e as atividades nos lugares de detenção, incluindo Insein".
A junta militar, que governa o país desde o golpe de Estado de 01 de fevereiro, suspendeu recentemente as visitas aos estabelecimentos prisionais devido ao forte aumento das infeções, com o país a registar a pior vaga de covid-19, em número de infetados e mortos, desde o início da pandemia.
Na sexta-feira, os reclusos de Insein iniciaram um protesto contra as restrições da pandemia, aproveitando para se manifestar contra a junta militar.
Várias embaixadas, como a dos EUA e da União Europeia, apelaram às autoridades para resolverem a situação "de forma pacífica e respeitando os direitos básicos e sanitários nessa e nas outras prisões do país".
A repressão das forças de segurança, que disparou a matar contra manifestantes pacíficos, provocando a morte de pelo menos 931 pessoas, soma-se assim ao aumento descontrolado da nova vaga de covid-19 em Myanmar, associado à variante Delta, com origem na Índia.
As autoridades sanitárias registaram na quinta-feira 6.701 novos casos de infetados por covid-19 e 319 mortes, o pior registo de sempre desde o início da pandemia, que eleva para 253.364 infetados e 6.133 mortes.
De acordo com um grupo de médicos, estes dados oficiais não refletem a realidade do país, atualmente com uma capacidade diária para realizar entre 12.000 e 15.000 testes para detetar o vírus entre os seus cerca de 55 milhões de habitantes, a que se soma o colapso dos hospitais, a falta de oxigénio e a desconfiança com o regime militar.
Na terça-feira morreu o político Nyan Win, de 78 anos, antigo advogado e próximo da líder da oposição Aung San Suu Kyi e importante figura do partido Liga Nacional para a Democracia, depois de ter contraído o vírus na prisão de Insein.
O CICR reiterou a sua posição imparcial perante estes conflitos armados e episódios de violência disponibilizando a sua ajuda humanitária para combater os surtos de infeção nas prisões do país.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.139.040 mortos em todo o mundo, entre mais de 192,5 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.
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