"O Presidente da República disse que a situação humanitária está muito deteriorada e evocou que a necessidade de entregar ajuda ao povo de Tigray exige medidas fortes e, em particular, o levantamento de todas as restrições à entrega de ajuda", lê-se numa declaração pública da Presidência francesa, na sequência dos contactos do chefe de Estado gaulês com o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, e o chefe de governo do Sudão, Abdallah Hamdok.
Durante as suas conversações com os dois chefes de governo, Emmanuel Macron disse que "a evolução da situação exigiria a negociação de uma cessação das hostilidades e a abertura de um diálogo político entre as partes em conflito, respeitando a integridade e a unidade da Etiópia".
"Ao lado dos seus parceiros, a França está pronta a acompanhar a Etiópia", acrescentou a Presidência francesa.
As Nações Unidas alertaram esta quarta-feira que as rações do último comboio humanitário a chegar à capital da região de Tigray, Mekele, em 12 de julho, durariam apenas alguns dias.
Cerca de 5,2 milhões de pessoas - mais de 90% da população de Tigray -- dependem dessa ajuda, sustentou a ONU.
As rotas de acesso à região estão a ser condicionadas por restrições ou problemas de segurança, na sequência de um ataque a um comboio do Programa Alimentar Mundial (PAM) no passado dia 18 de julho.
Ato contínuo, o novo sub-secretário-Geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, deslocou-se até à Etiópia para se encontrar com funcionários etíopes e visitar Tigray e a região vizinha de Amhara.
"Neste contexto, a França apoia os esforços de Martin Griffiths, que se encontra atualmente na Etiópia", adiantou o Palácio do Eliseu.
Após meses de tensões crescentes, o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed, Nobel da Paz em 2019, enviou o exército federal para Tigray em novembro de 2020 para retirar as autoridades regionais da Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF).
Abiy Ahmed clamou vitória no final de novembro após a tomada de Mekele, mas os combates continuaram e no final do junho os rebeldes pró-TPLF tinham recuperado a maior parte da região, incluindo a capital.