Em causa está a construção de uma barragem hidroelétrica que "inundou grandes áreas a montante da confluência dos rios Sesan e Srepok, dois afluentes do rio Mekong", no Camboja e que, segundo a HRW, violou "direitos económicos, sociais e culturais resultantes da deslocação (...) de quase cinco mil pessoas cujas famílias viviam na zona há gerações".
Por outro lado, teve "impactos na subsistência de dezenas de milhares de outras a montante e a jusante", de acordo com as conclusões de um relatório da ONG, que acusou ainda as autoridades cambojanas de terem ignorado ou consultado "indevidamente as comunidades afetadas antes do início do projeto".
Se "muitos foram coagidos a aceitar compensações inadequadas pela perda de propriedades e rendimentos, receberam habitação e serviços deficientes nos locais de reassentamento, e não receberam qualquer formação ou assistência para assegurar novos meios de subsistência", outras comunidades afetadas, a montante e a jusante, "não receberam qualquer compensação ou assistência", denunciou.
Para a realização do relatório, a HRW entrevistou mais de 60 membros da comunidade, líderes da sociedade civil, académicos, cientistas, analisou estudos académicos e registos empresariais, tendo ainda em conta a investigação de organizações não-governamentais.
A barragem faz parte da iniciativa "Uma faixa, uma rota" do Governo chinês, um enorme projeto de infraestruturas internacionais iniciado pelo Presidente, Xi Jinping, em 2013.
"Muitos destes projetos na Ásia e noutros locais têm sido alvo de críticas por falta de transparência, desrespeito pelas preocupações da comunidade e impactos ambientais negativos", sublinhou a ONG.
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