A ideia de que a pandemia de Covid-19 teve origem acidental através de funcionários de um laboratório chinês voltou à tona, desta vez através das declarações do líder da missão de investigação da OMS em Wuhan num documentário transmitido pela TV dinamarquesa, na quinta-feira.
A China reagiu furiosamente a qualquer sugestão de que a pandemia, que matou pelo menos 4,3 milhões de pessoas desde que emergiu na cidade de Wuhan em dezembro de 2019, foi provocada por negligência envolvendo um dos seus laboratórios.
Mas a teoria faz parte das suposições “prováveis”, segundo Peter Ben Embarek referiu à TV2, citado pelo Washington Post.
A primeira fase da investigação da OMS, realizada no início do ano, concluiu a 29 de março que a hipótese de um incidente laboratorial permanecia “extremamente improvável”. No entanto, Embarek reforça que tem sido difícil para a sua equipa discutir essa teoria com os cientistas locais.
“No início, não queriam nada sobre o laboratório [no relatório], porque era impossível, então não havia necessidade de perder tempo com isso”, relatou o especialista em segurança alimentar e doenças animais. Mas, continuou, "insistimos em incluí-lo, porque fazia parte de toda a questão sobre a origem do vírus".
Segundo Embarek, “foi discutido até ao fim se devia ser incluído ou não", atribuindo as atitudes pouco transparentes de cientistas e funcionários chineses a um possível esforço para mascarar um possível acidente.
“Provavelmente é porque significa que há um erro humano por trás do tal incidente e não estão muito felizes em admitir isso”, comentou. “Existe em parte o sentimento tradicional asiático de que não se deve perder prestígio, e todo o sistema também se concentra muito no facto de que são infalíveis e que tudo deve ser perfeito”, acrescentou.
De acordo com o cientista, nenhum dos tipos de morcegos suspeitos de ter sido o veículo do vírus SARS-CoV-2, que causa a Covid-19, vive em estado selvagem na região de Wuhan. As únicas pessoas que provavelmente abordaram esse tipo de morcegos são os funcionários dos laboratórios da cidade, disse.
A OMS pediu, na quinta-feira, que a China partilhe os dados brutos dos primeiros casos do novo coronavírus, de forma a ajudar na investigação das origens da pandemia, e que divulgue dados para abordar a teoria de um contágio no laboratório.
A organização exortou ainda os países a despolitizar a procura pelas origens da pandemia, pois “não deve ser um exercício de atribuição de culpas, acusações ou pontuações políticas”
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