A China reivindica ter contido, em grande parte, a propagação da doença no seu território, desde a primavera de 2020, através de restritas medidas de confinamento, uso de aplicações móveis e quarentenas obrigatórias para quem chega do exterior.
Numa altura em que vários países se voltam a abrir e retomam o tráfego internacional, a China voltou, no entanto, a impor restritas medidas de prevenção, que implicaram o isolamento de uma cidade e outras medidas de confinamento, apesar de grande parte da população ter sido já vacinada contra o vírus.
Esta estratégia de "tolerância zero" está a ter um impacto no rendimento e vida de milhões de pessoas, levando os especialistas a alertar que a China vai ter que aprender a controlar o vírus sem fechar repetidamente a economia e a sociedade.
Zhang Wenhong, médico de Xangai que se destacou durante o combate ao surto na cidade chinesa de Wuhan, no início de 2020, apontou que esta nova vaga, da variante Delta do vírus, sugere que a estratégia da China vai ter que mudar, já que a covid-19 não vai desaparecer.
"O mundo precisa de aprender a coexistir com o vírus", escreveu Zhang, que tem três milhões de seguidores na rede social Weibo, o equivalente ao Twitter na China.
Zhang expressou dúvidas sobre a estratégia chinesa de "tolerância zero".
O comentário provocou um aceso debate no país asiático.
Nas redes sociais, Zhang foi acusado de "transmitir ideias estrangeiras", enquanto outros tentaram desacreditá-lo, levantando a suspeita de que plagiou a sua tese, escrita em 2000.
No domingo, a Universidade Fudan de Xangai, onde Zhang Wenhong desenvolveu o seu trabalho, anunciou a abertura de uma investigação ao virologista.
A abordagem chinesa para controlar a epidemia é um assunto relativamente delicado no país asiático.
Na província de Jiangxi, sul do país, um professor foi detido por 15 dias por defender 'online' que a China poderia "coexistir" com o vírus.
O país registou, nas últimas 24 horas, 51 novos casos no seu território, incluindo 13 de origem local.