Maduro atribui situação no Afeganistão ao fracasso da política dos EUA
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, atribuiu a responsabilidade pela situação caótica dos últimos dias no Afeganistão ao fracasso da "política guerreira" e de ingerência de Washington.
© Reuters
Mundo Venezuela
"Fracassou a política guerreira e intervencionista do império dos Estados Unidos no mundo e devem tirar conclusões muito claras nas suas ameaças a outras regiões", disse.
Nicolás Maduro falava durante uma conferência de imprensa no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas.
"Os EUA retiram-se do Afeganistão e deixam um país em guerra civil", acusou Nicolás Maduro.
"Aí está o povo do Afeganistão, após 20 anos de guerra: destruído, abandonado, correndo para sair do seu próprio país", sublinhou.
Maduro questionou ainda recentes declarações do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, sobre a possibilidade de virem a ser impostas sanções ao Afeganistão.
"Não é suficiente os mortos, a guerra civil, o terrorismo, os feridos, a dor, o caos e o desespero do Afeganistão para que continuem a ameaçar com sanções?", questionou.
O Presidente venezuelano disse ainda que a Venezuela espera que o Afeganistão "consiga [encontrar] o seu caminho e que os seus problemas sejam resolvidos pelos afegãos, em paz, diálogo e sem intervencionismo de ninguém".
Segundo Nicolás Maduro, a estratégia que os EUA usaram no Afeganistão "era a visão que queriam para a Venezuela", de "uma intervenção militar para trazer uma guerra civil", com o auspício da oposição e da Organização de Estados Americanos (OEA).
"Nós preparámo-nos com umas poderosas Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, com mais de 4,5 milhões de milicianos armados em todo o território nacional, para dizer a qualquer império do mundo que, se se meterem com a Venezuela, entrarão, mas não sairão", disse Nicolás Maduro, insistindo que o país "quer paz e tranquilidade".
Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Usama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
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