Um responsável do Ministério da Saúde do governo afegão adiantou à CNN que o número total de mortos dos ataques de quinta-feira nas imediações do aeroporto de Cabul, no Afeganistão, é já superior a 90 e os feridos são mais de 150. A AP fala em pelo menos 95 mortos. No entanto, a Reuters indica 85, incluindo 28 talibãs. O anterior balanço dava conta de pelo menos 60 mortos e 140 feridos. É de prever que o número de vítimas venha a aumentar.
O número de elementos das forças armadas dos Estados Unidos que morreram nos ataques subiu para 13, havendo a registar pelo menos 18 feridos, segundo as autoridades norte-americanas.
"Um décimo terceiro soldado dos EUA morreu de ferimentos sofridos no ataque" nas imediações do aeroporto, anunciou o porta-voz do Comando Central dos Estados Unidos, o major Bill Urban, citado pela agência France Presse. "O número de feridos é agora 18", acrescentou, o que representa uma atualização face aos 12 óbitos e 15 feridos anteriormente registados.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu "caçar e fazer pagar" os autores do duplo atentado bombista e do ataque armado junto ao aeroporto da capital do Afeganistão, atribuído ao grupo extremista Estado Islâmico (EI).
"Não esqueceremos, não perdoaremos e vamos caçar-vos e fazer-vos pagar", disse Joe Biden, depois de um momento emocionado em que relembrou a morte do filho, ele próprio um antigo combatente militar.
Num discurso transmitido ao final da tarde de quinta-feira em Washington, Biden afirmou que os ataques desta tarde eram esperados, mas disse que isso não vai alterar a estratégia definida para a saída dos EUA do Afeganistão e acrescentou que é provável que estejam a ser preparados mais ataques terroristas
Os dois ataques da tarde foram reivindicados pelo ramo afegão do grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI), que no Afeganistão é considerado inimigo dos talibãs (que já condenaram o atentado).
Num comunicado divulgado pela sua agência de propaganda, Amaq, o grupo Estado Islâmico da Província de Khorasan (ISKP, na sigla em inglês) afirma que um dos seus combatentes franqueou "todas as fortificações de segurança" e se colocou a menos de "cinco metros de militares norte-americanos", tendo então detonado o seu cinto de explosivos.
O comunicado só menciona um bombista suicida e apenas uma bomba.
O Pentágono, contudo, reportou a ocorrência de dois atentados-suicida seguidos de um tiroteio, advertindo ainda para a existência de "uma série de ameaças ativas" contra o aeroporto de Cabul, que vão de um possível ataque com foguetes a um atentado com um veículo armadilhado.
OS EUA mantêm a intenção de retirar todos os cidadãos norte-americanos e aliados afegãos até terça-feira, 31 de agosto, mas o Presidente norte-americano acrescenta que a intenção de ajudar estes cidadãos a sair do país para lá da data mantêm-se , e que haverá maneira de os ajudar a abandonar o Afeganistão, terminando uma presença de 20 anos.
Para além das duas explosões junto ao aeroporto e perto de um hotel nas imediações do local, uma terceira explosão ouvida em Cabul, perto da meia-noite (hora local) não correspondeu a qualquer ataque, mas à destruição de material pelos militares dos EUA no aeroporto, disse o porta-voz dos talibã.
A terceira explosão na capital afegã foi ouvida por muitos cidadãos e jornalistas locais, que logo partilharam nas redes sociais, e ocorreu poucas horas depois do duplo ataque bombista no aeroporto internacional de Cabul, não havendo pormenores sobre a magnitude da última explosão.
Na galeria acima, pode ver algumas imagens do terror causado no caos de Cabul, com milhares a tentar sair do país.
Os talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e aliados na NATO, incluindo Portugal.
Leia Também: "Não iremos perdoar. Não iremos esquecer. Vamos fazer-vos pagar"