"Quero agradecer a todos os que trabalharam nestes últimos dias para retirar cerca de 5 mil afegãos", referiu hoje o ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Luigi di Maio, no aeroporto de Fiumicino, em Roma, depois de aterrar o último avião da ponte aérea humanitária coordenada pela Força Aérea italiana.
Aquele número, precisou di Maio, faz de Itália "o primeiro país da União Europeia (UE) em número de afegãos retirados".
O último avião da ponte aérea montada por Itália aterrou hoje na capital do país com 58 afegãos a bordo, trazendo também pessoal diplomático e de segurança que ainda se encontrava em Cabul, num total de 110 pessoas, incluindo o vice-cônsul Tommaso Claudi cuja fotografia, a ajudar crianças a passar para o interior do aeroporto, se tornou viral.
Stefano Pontecorvo, alto representante civil da NATO, e os 'carabinieri' que permaneceram em Cabul até agora estavam também entre os passageiros do Boeing 747 que aterrou esta manhã em Roma e que marcou a conclusão da operação de evacuação montada por Itália.
"Ainda há tantos afegãos à espera para serem evacuados e não podemos mais fazer isso com o transporte aéreo, mas estamos prontos, com as Nações Unidas, com os países que fazem fronteira com o Afeganistão, a trabalhar para garantir que essas pessoas, que trabalharam connosco nos últimos 20 anos, possam ter a mesma possibilidade ", referiu di Maio.
Na mesma ocasião, o ministro aludiu que após o fim desta primeira fase, começa outra mais difícil.
"Uma segunda fase em que nosso imperativo deve ser não abandonar o povo afegão, não abandonar as mulheres afegãs, não abandonar as jovens mulheres afegãs, não abandonar todos aqueles que nestes últimos anos mostraram uma grande vontade de evoluir, de mudar ", acrescentou.
As autoridades italianas anunciaram, entretanto, a instalação de um acampamento em Avezzano, no centro do país, para colocar de forma temporária cerca de 2 mil afegãos. Este campo servirá para que possam fazer aqui a quarentena e vacinarem-se contra a covid-19 enquanto esperam por alojamento.
O centro de acolhimento será gerido pela Cruz Vermelha e pela Proteção Civil.
Os talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e aliados na NATO, incluindo Portugal.
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