"Atacámos a França, tínhamos como alvo a sua população, civis, mas não houve nada de pessoal contra eles", afirmou Salah Abdeslam, único terrorista do comando que cometeu os atentados na capital francesa na noite de 13 de novembro de 2015 e sobreviveu, durante a sessão que decorrer no Palácio de Justiça de Paris.
O tribunal deu hoje a palavra aos 14 dos 20 acusados neste atentado terrorista, já que seis estão em parte incerta. De todos os acusados, o único que participou ativamente nos atentados contra o Stade de France, Bataclan e cafés na capital francesa foi Salah Abdeslam.
"As bombas dos aviões franceses não fizeram distinção entre homens, mulheres e crianças. Nós queríamos que a França passasse pela mesma dor que nós passámos", defendeu.
O homem, de 32 anos, falou com máscara durante cerca de cinco minutos, argumentando que os homens apresentados no tribunal como "terroristas, 'jihadistas' ou radicalizados" são "muçulmanos" que praticam "o Islão autêntico".
O ex-Presidente francês "François Hollande disse que nós combatemos a França por causa dos seus valores, é mentira. Ele sabia o risco que corria quando atacou o Estado Islâmico na Síria", afirmou o terrorista confesso.
Segundo os jornalistas presentes nas diversas salas de audiências, as vítimas emocionaram-se ao ouvir Salah Abdeslam justificar assim o ataque de 13 de novembro de 2015.
Os outros acusados, que falaram antes de Abdeslam, mostraram compaixão pelas vítimas, condenando os ataques e alegando a sua inocência em muitos casos.
O julgamento dos atentados de 13 de novembro de 2015 decorre no Palácio de Justiça de Paris até maio de 2022. De forma a acolher este processo, foi construída uma sala especial que pode abrigar até 550 pessoas, havendo várias salas onde advogados, vítimas e jornalistas podem assistir à transmissão das audiências em tempo real.
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