A China tem um "programa de construção de submarinos nucleares muito importante", disse o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, numa entrevista hoje à rádio 2GB.
"Eles têm o direito de tomar as decisões de defesa que considerem necessárias aos seus próprios interesses e, claro, a Austrália e todos os outros países também o têm", respondeu Morrison às críticas de Pequim.
A China reagiu fortemente, qualificando a aquisição desses submarinos nucleares como "extremamente irresponsável", ameaçando em particular a estabilidade na região do Indo-Pacífico.
Pequim também questionou os esforços internacionais de não proliferação nuclear. Segundo os chineses, os aliados ocidentais correm o risco de "dar um tiro no próprio pé".
Os Estados Unidos, Austrália e Reino Unido anunciaram na quarta-feira um pacto de Defesa destinado a enfrentar a República Popular da China na região Indo-Pacífico, que inclui a compra pela Austrália de submarinos nucleares norte-americanos.
O pacto AUKUS (iniciais em inglês dos três países anglo-saxónicos) tem como objetivo reforçar a cooperação trilateral em tecnologias avançadas de defesa, como a inteligência artificial, sistemas submarinos e vigilância a longa distância.
O chefe do Governo australiano declarou, em várias entrevistas, que o seu Governo estava a responder à situação atual na região da Ásia-Pacífico, onde os territórios são cada vez mais disputados e onde a rivalidade se intensifica.
A Austrália está "profundamente ciente" da capacidade dos submarinos nucleares chineses e dos crescentes gastos militares de Pequim, disse Morrison à televisão Channel Seven.
"Queremos ter certeza de que as águas internacionais continuem a ser internacionais, assim como o espaço aéreo, e que o Estado de Direito se aplique da mesma forma em todos os lugares", disse o primeiro-ministro australiano.
Camberra quer garantir que não haja "zonas proibidas" em áreas regidas pelo direito internacional, disse Morrison.
"Trata-se de um compromisso muito importante, não apenas hoje, mas sempre. (...) É uma parceria [com Reino Unido e EUA] que permitirá à Austrália garantir a sua segurança no futuro", indicou.
Morrison também disse que esta aliança de defesa foi "bem recebida" pelos líderes do Japão, Índia, Singapura, Nova Zelândia, Fiji e Papua Nova Guiné, países com os quais esteve em contacto.
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