"De Samos enviamos uma mensagem a todas as ilhas: as imagens (dos campos insalubres) de Moria (em Lesbos) ou de Vathy pertencem a partir de agora ao passado", declarou o ministro das Migrações grego, Notis Mitarachi, na cerimónia de inauguração do campo ainda vazio.
Para o terreno de mais de 12.000 metros quadrados delimitado por uma linha dupla de arame farpado serão transferidos a partir de segunda-feira mais de 300 requerentes de asilo, amontoados até agora num "bairro de lata" às portas de Vathy, a capital da ilha.
Divididos por vários "bairros", os migrantes terão acesso no campo a áreas de restauração e desporto. As cozinhas são partilhadas, assim como os chuveiros, e os dormitórios têm cinco camas, com um guarda-roupa cada, constatou uma equipa da agência France-Presse.
Veja, acima, as imagens deste campo "fechado".
"O novo centro com acesso controlado e fechado devolverá a dignidade perdida aos que procuram proteção internacional, mas dará também as condições necessárias de proteção e detenção aos migrantes ilegais que devem ser devolvidos", adiantou o ministro.
O campo tem um centro de detenção para os migrantes cujo asilo foi negado e que serão devolvidos à Turquia. O mesmo acontecerá no da ilha de Léros, onde um campo do mesmo tipo deve estar terminado no próximo mês, e no da de Kos, a concluir imediatamente a seguir.
Em Lesbos, onde o campo de Moria foi destruído num incêndio o ano passado, as obras ainda não começaram e o novo centro não deverá estar concluído antes do outono de 2022, segundo uma fonte governamental.
A Comissão Europeia comprometeu-se a financiar com 276 milhões de euros cinco novos campos nas ilhas do mar Egeu que recebem a maioria dos migrantes vindos da costa turca vizinha.
"É o primeiro centro de receção de uma nova geração nas ilhas do Egeu", disse Beate Gminder, vice-diretora-geral das Migrações e Interior da Comissão Europeia, em Samos.
Mas os migrantes só são autorizados a sair do campo entre as 08:00 e as 20:00, são transportados em autocarros especiais para a cidade e obrigados a utilizar as impressões digitais e cartões eletrónicos no portão magnético da entrada, o que preocupa os defensores dos direitos humanos.
Estes novos centros "vão impedir uma identificação eficaz das pessoas vulneráveis", "limitar o acesso dos requerentes de asilo aos serviços" e "ampliarão o efeito nocivo do confinamento na saúde mental das pessoas", criticaram cerca de 50 ONG, incluindo a Amnistia Internacional.
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