É a primeira vez que um alto dirigente da administração pública são-tomense é demitido por suspeitas de assédio ou tentativa de violação, apesar de várias denúncias que são feitas contra os responsáveis de vários setores.
A demissão surge na sequência da denúncia de uma antiga estagiária que acusou o diretor da estação de perseguição por não ter correspondido aos seus desejos sexuais.
"O senhor diretor queria que eu deitasse com ele, por esforço" denunciou a jovem, que diz ter informado o secretário de Estado da Comunicação Social, em agosto do ano passado, sobre a situação, mas que não foi tomada "nenhuma medida".
"O mais grave aconteceu num determinado dia em que o senhor diretor me chamou para o seu gabinete, convencida eu que se tratava de um assunto de trabalho, mas para o meu espanto ele trancou a porta e me agarrou, tentando beijar-me", lê-se na carta da denunciante, com data de 28 de agosto de 2020, e endereçada ao secretário de Estado da Comunicação Social, Adelino Lucas.
"Eu não sou a única vítima de assédio. São muitas que ele assediou", explica a jovem, de 24 anos, e mãe de duas filhas, num áudio que foi divulgado, recentemente, nas redes sociais.
A denunciante disse à lusa que vai formalizar hoje uma queixa-crime no Ministério Público contra o acusado.
Na terça-feira, quando foi questionado sobre o assunto, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Comunicação Social e Novas Tecnologias, Wuando Castro, disse que "o Governo está a par" e estava a "ouvir as pessoas envolvidas e outros funcionários da Rádio Nacional", tendo prometido para hoje uma decisão sobre este caso.
O governante e o secretário de Estado da Comunicação Social reuniram-se com a denunciante, mais duas funcionárias da Rádio Nacional e uma antiga estagiária que também dizem ter sido assediadas pelo Diretor da Estação.
O diretor da Rádio Nacional, Silvério Amorim, através de uma mensagem no Facebook, referiu que "foi com muita indignação e surpresa" que tomou contacto "com a megacampanha de difamação" contra a sua pessoa.
O diretor demissionário negou todas as acusações, referindo que nunca teve "contacto e nem qualquer interesse" na denunciante, tendo revelado que "tratando-se de uma matéria de foro judicial, está em curso uma ação para o efeito".
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