Um antigo parlamentar afegão denunciou a descoberta dos corpos de oito crianças órfãs que morreram à fome no lado ocidental de Cabul, no Afeganistão.
Num comunicado publicado nas redes sociais, no passado dia 24 de outubro, Mohammad Mohaqiq, líder político de etnia Hazara, disse que as crianças morreram cerca de três semanas antes, num bairro no 13.º distrito de Cabul, e foram enterradas pela população local.
Mohammad Ali Bamiani, um líder daquela comunidade, designado de 'mullah', forneceu alguns detalhes sobre as crianças, indicando que a mais velha tinha oito anos de idade e mais nova era um bebé de apenas 18 meses. "Não tinham ninguém. Os pais estavam ambos mortos e não tinham outros familiares", disse.
Bodies of eight Afghan orphan children who starved to death have been found on the west side of #Kabul.
— Frud Bezhan فرود بيژن (@FrudBezhan) October 24, 2021
Eldest child was around eight years old and the youngest was a 18-month-old infant. #Afghanistan https://t.co/2Nn4dcU6Xe
Sublinhe-se que os talibãs, no poder no Afeganistão, lançaram na segunda-feira um programa para combater a fome e a pobreza no país, que prevê a distribuição de 66 mil toneladas de trigo em troca de trabalho de dezenas de milhares de homens.
"Começamos hoje com um programa para prevenir a pobreza, a fome e a crise alimentar no país", afirmou o ministro da Agricultura, Abdul Rahman Rashid, numa conferência de imprensa em Cabul.
O governo talibã não comentou a notícia da morte das crianças, de acordo com o site Gandhara.
Segundo as Nações Unidas, metade da população do Afeganistão (18 milhões de pessoas) precisa de ajuda por causa do agravamento da crise económica e humanitária após a chegada ao poder dos talibãs, em agosto passado, da Covid-19 e dos problemas de seca dos últimos anos.
Com a chegada dos talibãs ao poder, os Estados Unidos, que mantinham forças militares e de cooperação no país há 20 anos, retiraram do Afeganistão recursos e apoios e foram suspensos outros fundos internacionais.
As Nações Unidas, num relatório sobre o Afeganistão após a tomada do poder pelos talibãs e a saída das forças internacionais, concluíram que 97% da população do país corre o risco de estar na pobreza em 2022.
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