Países vulneráveis pedem ação para escaparem a "condenação à morte"

A primeira-ministra de Barbados sublinhou hoje que deixar o clima global aumentar mais de 1,5 graus até fim do século seria "condenar à morte" os países mais vulneráveis do mundo.

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© Jeff J Mitchell/Getty Images

Lusa
01/11/2021 16:12 ‧ 01/11/2021 por Lusa

Mundo

Mia Mottley

Intervindo na cerimónia de abertura da Cimeira de Líderes Mundiais da conferência sobre o clima das Nações Unidas, Mia Mottley afirmou que países como o seu, uma nação insular com cerca de 300 mil habitantes, querem "sobreviver aos próximos cem anos".

"Se a nossa existência quer dizer alguma coisa, então temos que agir no interesse das pessoas que dependem de nós", afirmou perante mais de cem chefes de Estado e de Governo que participam na cimeira de líderes mundiais que se realiza no âmbito da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26).

Mia Mottley afirmou que deixar aumentar a temperatura global em dois graus centígrados seria "uma condenação à morte para as populações de Antigua e Barbuda, Maldivas, Fiji, Quénia, Moçambique, Samoa e Barbados".

"Não queremos essa condenação e viemos cá dizer-vos para redobrarem os vossos esforços. O planeta precisa que ajam agora, não para o ano ou para a próxima década", reforçou.

A primeira-ministra de Barbados criticou o falhanço das nações mais desenvolvidas na promessa de contribuírem anualmente com 100 mil milhões de dólares anualmente a partir de 2020 para ajudar os países mais pobres a adaptarem-se às alterações climáticas.

"Falhar no essencial financiamento climático e no financiamento às perdas e danos que as nossas comunidades sofrem é imoral e injusto", considerou.

A primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, defendeu na sala onde se reúne o plenário de chefes de Governo que os países mais desenvolvidos devem "disseminar tecnologias 'verdes' a preços acessíveis aos países mais desenvolvidos" e "cumprir os seus compromissos financeiros" para com essas nações.

Sheikh Hasina, cujo país definiu nas suas metas nacionais usar "40% de energia produzida a partir de fontes renováveis até 2041", defendeu ainda que haja uma "partilha global de responsabilidade na ajuda a migrantes climáticos", obrigados a abandonar os sítios onde vivem por causa de subidas do nível das águas do mar, aumento da salinidade dos solos, inundações e secas.

Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.

Leia Também: Barbados elege Presidente da República pela 1.ª vez após independência

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