Timmermans elogia entrega do Prémio Gulbenkian a autarcas
O vice-presidente da Comissão Europeia Frans Timmermans saudou hoje a atribuição do prémio Gulbenkian para a Humanidade à aliança "Global Covenant of Mayors for Climate & Energy", devido à importância dos autarcas no combate às alterações climáticas.
© Shuttterstock
Mundo COP26:
"Os presidentes de Câmara Municipal são os que vão decidir, com os cidadãos, se essa transição para um mundo sustentável terá sucesso. Eles estão perto dos cidadãos, eles sabem o que é necessário nas suas cidades, têm a confiança dos cidadãos e podem concretizar" medidas, afirmou, numa cerimónia à margem da conferência COP26.
O dirigente europeu disse que, "ao reconhecer o seu papel, a Fundação Gulbenkian dá um passo importante na capacitação de autarcas de todo o mundo".
Numa mensagem em vídeo, o antigo 'mayor' de Nova Iorque, Michael Bloomberg, disse que o valor do prémio, de um milhão de dólares, "vai fazer a diferença em muitas vidas".
O dinheiro, vincou, vai ser aplicado na África Subsaariana, em projetos no Senegal e Camarões, onde estão algumas das cidades de crescimento mais rápido do mundo.
"Isso ajudará a protegê-los dos impactos das alterações climáticas de maneiras que também os ajudará a recuperar dos impactos económicos da pandemia", vincou o atual enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas para Ambições e Soluções Climáticas.
A aliança "Global Covenant of Mayors for Climate & Energy" é constituída por mais de 10.600 cidades e governos locais de 140 países, incluindo Portugal.
A escolha pretende destacar, por um lado, o papel das cidades no combate à crise climática e, por outro, a importância de apoiar projetos direcionados para as populações que são simultaneamente mais desfavorecidas e mais afetadas pelas alterações.
Os projetos a apoiar foram previamente acordados entre a Fundação Calouste Gulbenkian e a aliança vencedora, beneficiando cinco cidades no Senegal para o fornecimento de água potável e numa cidade nos Camarões para o desenvolvimento de soluções de eficiência energética.
Na primeira edição, o prémio foi entregue à ativista sueca Greta Thunberg, que aplicou a verba no apoio de vários projetos escolhidos por si, incluindo iniciativas para apoiar o combate à covid-19 na Amazónia, vítimas de catástrofes naturais na Índia, Bangladesh e em países africanos, na transição energética em África.
A presidente da Fundação Gulbenkian, Isabel Mota, reafirmou na cerimónia de hoje que a instituição está consciente das alterações climáticas e está continua determinada em desinvestir dos combustíveis fósseis e apostar na transição energética para tecnologias limpas.
A Fundação Gulbenkian vendeu em 2019 a petrolífera Partex, criada em 1938 pelo seu fundador, Calouste Gulbenkian, à tailandesa PTT Exploration and Production por 622 milhões de dólares (cerca de 555 milhões de euros).
Na altura os ativos ligados à exploração de petróleo, que representava cerca de 18% dos investimentos totais e assegurava, segundo a comissão de trabalhadores, em média cerca de 40% do orçamento anual da Fundação.
Decisores políticos e milhares de especialistas e ativistas reúnem-se até sexta-feira na 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e aumentar o financiamento para ajudar países afetados a enfrentar a crise climática.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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