"O meu partido vai ter candidato a Presidente da República. Possivelmente em fevereiro ou março decidirei se sou candidato ou não, [veremos] se o partido quer que eu seja candidato, se vamos construir uma aliança política e juntarmo-nos a outros partidos", disse, durante uma conferência de imprensa conjunta com a líder do grupo dos Socialistas e Democratas (S&D) no Parlamento Europeu, por ocasião do «Dia da América Latina».
Embora seja apontado como mais do que provável candidato, e o 'périplo' que está a realizar na Europa e o tom das intervenções - muito focadas no que fez enquanto presidente do Brasil, entre 2003 e 2010 - indiciem que irá avançar mesmo com a candidatura, Lula da Silva, perante a insistência dos jornalistas, negou que esteja já em "campanha" eleitoral, garantiu que não há nenhuma decisão tomada sobre quem será o 'rosto' do PT, e insistiu antes na necessidade de o partido que liderou se apresentar e vencer as eleições, para "reconquistar a democracia para o povo brasileiro".
Durante a curta conferência de imprensa, Lula teceu duras críticas ao atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, que acusou de ser "uma peça importante na extrema-direita fascista" e "uma cópia mal feita de [Donald] Trump", comentando a propósito que "se fosse uma cópia bem feita" do ex-presidente norte-americano, tal "já seria ruim".
Por seu lado, a líder da bancada dos Socialistas no Parlamento Europeu, a espanhola Iratxe García Pérez, enfatizou também a importância das próximas eleições no Brasil, argumentando que se trata de "um momento crucial" para o país, pois é necessário "acabar já com o governo de Bolsonaro, por muitas razões", enumerando entre elas o "autoritarismo", o "comportamento que pode ser classificado de criminoso contra a pandemia", o "negacionismo climático e destruição da biodiversidade" e a "misoginia".
Lula da Silva iniciou na passada quinta-feira uma viagem pela Europa, que compreende passagens pela Alemanha, Bélgica, França e Espanha, e encontros com diversos líderes políticos e progressistas da região.
Após Berlim e Bruxelas, o antigo presidente brasileiro ruma a França, onde tem previsto, entre outros, um encontro com a presidente da câmara de Paris e candidata socialista nas eleições presidenciais em França em abril de 2022, Anne Hidalgo.
Lula da Silva, 76 anos, recuperou os seus direitos políticos este ano depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil anular duas condenações por corrupção e pelas quais passou 580 dias na prisão.
Todas as sondagens de opinião divulgadas até agora colocam-no como o principal favorito dessas eleições, nas quais o atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, deverá aspirar à reeleição.
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