O comité acrescentou que havia "dezenas de ferimentos de tiros" nas fileiras com milhares de sudaneses que saíram para denunciar o novo Governo, cuja repressão deixou até agora 34 mortos e centenas de feridos.
Todavia, a polícia tinha assegurado que não ia efetuar disparos.
Desde o golpe, há mais de três semanas, os ativistas aprenderam a mobilizar-se via SMS, em vez de usarem as redes sociais, mas desde hoje, ao meio-dia (hora local), que não conseguem comunicar via telefone.
Em Cartum do Norte, "os revolucionários estão a ser sujeitos a uma repressão brutal pelas milícias revolucionárias, traidores e mercenários", explicou a associação médica.
Nos protestos de hoje, contra os militares, as forças de segurança utilizaram gás lacrimogéneo e bastões contra os manifestantes, de acordo com a agência de notícias Efe.
Várias pessoas foram feridas e dezenas foram presas e carregadas para camiões sem cobertura.
Após a dura repressão das manifestações de sábado, que resultou em várias mortes e num grande número de feridos, atores internacionais como a União Europeia e os Estados Unidos criticaram o uso da força utilizada pelas autoridades militares do país e instaram-nos a respeitar o direito à manifestação pacífica.
A comunidade internacional exige também a libertação de todos os líderes civis e militares detidos após o golpe, incluindo membros do Conselho de Ministros deposto, a restauração de um governo civil e de Abdullah Hamdok como primeiro-ministro.
A televisão estatal anunciou a abertura de uma investigação sobre as manifestações de sábado, as mais mortíferas desde o golpe com oito mortes, de acordo com o comité dos médicos.
O conselho, presidido pelo general Abdel-Fattah al-Burhan, realizou a sua primeira reunião no domingo, e declarou que seria formado um governo civil nos próximos dias.
Entretanto, os grupos pró-democracia começam a demonstrar alguma discórdia devido ao apelo de um grupo de partidos e movimentos políticos que pedem que o poder seja partilhado entre os manifestantes e os generais, num acordo civil-militar, como era antes do golpe de Estado.
A Associação dos Profissionais Sudaneses (SPA), que liderou em 2019 a revolta contra al-Bashir, criticou o apelo, defendendo que o poder deve ser entregue a civis.
A SPA disse que iria trabalhar com os comités de resistência e outros grupos para derrubar o conselho militar e estabelecer um governo civil para liderar a transição democrática.
Nos últimos dias, a comunidade internacional e organizações como as Nações Unidas têm instado os militares sudaneses que perpetraram o golpe a permitir que os cidadãos protestem livremente.
Em 25 de outubro, o líder militar sudanês, o general Abdel-Fattah al-Burhan, declarou estado de emergência e dissolveu os corpos criados para a transição democrática no país africano, além de prender o primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, que se encontra em prisão domiciliária.
Leia Também: Sudão recupera apoio internacional se restaurar "legitimidade" do Governo