Sudão: Golpe militar já causou pelo menos 34 mortes

Pelo menos dez pessoas foram mortas e várias ficaram feridas hoje durante manifestações no Sudão, elevando para 34 o total de vítimas mortais nos protestos contra o golpe militar de 25 de outubro, segundo o Comité de Médicos pró-democracia.

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© Ebaid Ahmed via REUTERS

Lusa
17/11/2021 17:19 ‧ 17/11/2021 por Lusa

Mundo

Golpe de Estado

 

O comité acrescentou que havia "dezenas de ferimentos de tiros" nas fileiras com milhares de sudaneses que saíram para denunciar o novo Governo, cuja repressão deixou até agora 34 mortos e centenas de feridos.

Todavia, a polícia tinha assegurado que não ia efetuar disparos.

Desde o golpe, há mais de três semanas, os ativistas aprenderam a mobilizar-se via SMS, em vez de usarem as redes sociais, mas desde hoje, ao meio-dia (hora local), que não conseguem comunicar via telefone. 

Em Cartum do Norte, "os revolucionários estão a ser sujeitos a uma repressão brutal pelas milícias revolucionárias, traidores e mercenários", explicou a associação médica.

Nos protestos de hoje, contra os militares, as forças de segurança utilizaram gás lacrimogéneo e bastões contra os manifestantes, de acordo com a agência de notícias Efe.

Várias pessoas foram feridas e dezenas foram presas e carregadas para camiões sem cobertura.

Após a dura repressão das manifestações de sábado, que resultou em várias mortes e num grande número de feridos, atores internacionais como a União Europeia e os Estados Unidos criticaram o uso da força utilizada pelas autoridades militares do país e instaram-nos a respeitar o direito à manifestação pacífica.

A comunidade internacional exige também a libertação de todos os líderes civis e militares detidos após o golpe, incluindo membros do Conselho de Ministros deposto, a restauração de um governo civil e de Abdullah Hamdok como primeiro-ministro.

A televisão estatal anunciou a abertura de uma investigação sobre as manifestações de sábado, as mais mortíferas desde o golpe com oito mortes, de acordo com o comité dos médicos.

O conselho, presidido pelo general Abdel-Fattah al-Burhan, realizou a sua primeira reunião no domingo, e declarou que seria formado um governo civil nos próximos dias.

Entretanto, os grupos pró-democracia começam a demonstrar alguma discórdia devido ao apelo de um grupo de partidos e movimentos políticos que pedem que o poder seja partilhado entre os manifestantes e os generais, num acordo civil-militar, como era antes do golpe de Estado. 

A Associação dos Profissionais Sudaneses (SPA), que liderou em 2019 a revolta contra al-Bashir, criticou o apelo, defendendo que o poder deve ser entregue a civis. 

A SPA disse que iria trabalhar com os comités de resistência e outros grupos para derrubar o conselho militar e estabelecer um governo civil para liderar a transição democrática.

Nos últimos dias, a comunidade internacional e organizações como as Nações Unidas têm instado os militares sudaneses que perpetraram o golpe a permitir que os cidadãos protestem livremente. 

Em 25 de outubro, o líder militar sudanês, o general Abdel-Fattah al-Burhan, declarou estado de emergência e dissolveu os corpos criados para a transição democrática no país africano, além de prender o primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, que se encontra em prisão domiciliária.

Leia Também: Sudão recupera apoio internacional se restaurar "legitimidade" do Governo

 

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