Numa conversa telefónica, o Presidente de França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, "concordaram com a urgência em aumentar os esforços conjuntos para evitar estas travessias".
Segundo um porta-voz de Downing Street, os dois governantes reconheceram também a necessidade de evitar que grupos de migrantes coloquem a sua vida em perigo, ao tentarem passar o Canal da Mancha.
Macron e o ministro do Interior francês tinham anunciado a morte de 31 migrantes naquela tragédia ao largo de Calais, mas o número foi, mais tarde, oficialmente fixado nos 27 mortos e dois sobreviventes pelo Governo francês, segundo noticiou a estação emissora France Info.
A autoridade marítima francesa divulgou em comunicado que, excluindo os números daquele naufrágio, ao longo do dia foram resgatadas outras 106 pessoas naquela região, em outras operações de resgate.
Emmanuel Macron e Boris Johnson prometeram também na quarta-feira novas medidas para travar as travessias ilegais de migrantes no Canal da Mancha.
Afirmando-se "chocado, revoltado e profundamente triste" com o mais recente naufrágio no Canal da Mancha, Johnson afirmou que o Governo britânico tem tido "dificuldade em persuadir alguns parceiros, especialmente os franceses, a agirem à altura da situação".
"Mas entendo as dificuldades que todos os países estão a enfrentar", disse Johnson, após uma reunião de crise em Downing Street.
"O que queremos agora é fazer mais, juntos. É isso que estamos a propor", acrescentou o primeiro-ministro britânico, referindo-se à cooperação com o Governo francês.
"Este desastre destaca o quão perigoso é cruzar o Canal da Mancha desta forma. Também mostra como é vital intensificar os nossos esforços para quebrar o modelo de negócio dos contrabandistas que enviam pessoas para o mar dessa forma", acusou Boris Johnson.
"Digo aos nossos parceiros do Canal que chegou o momento de todos nos mobilizarmos, trabalharmos juntos para fazer tudo o que for possível para acabar com esta situação", acrescentou o líder britânico.
O Presidente de França, Emmanuel Macron, referiu hoje que o seu país não irá permitir que o Canal da Mancha "se torne num cemitério".
O chefe de Estado francês pediu "o reforço imediato dos recursos da agência Frontex nas fronteiras externas da União Europeia" e apelou também a "uma reunião de emergência dos ministros europeus com a pasta do desafio da migração".
Quatro pessoas suspeitas de tráfico e de estarem "diretamente ligadas" ao naufrágio foram detidas ainda na quarta-feira, revelou o ministro do Interior francês Gerald Darmanin.
"Os principais responsáveis por esta situação desprezível são contrabandistas", referiu o ministro do Interior francês, citado pela agência AFP.
Gerald Darmanin apelou também a uma "resposta internacional coordenada" a esta tragédia "que afeta todos".
Esta tragédia é a mais mortal desde o aumento, em 2018, das travessias migratórias do Canal da Mancha, face ao crescente bloqueio do porto de Calais e do túnel utilizado até então por migrantes que tentavam chegar a Inglaterra.
Estas travessias são objeto de tensões regulares entre Paris e Londres, já que as autoridades britânicas consideram insuficientes os esforços desenvolvidos pelo lado francês para impedir os migrantes de embarcar, apesar do pagamento de uma ajuda financeira.
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