Nomeado em 2017, o arcebispo, de 70 anos, "propôs ao Papa a sua renúncia" através de "uma carta enviada esta semana", revelou a diocese de Paris à agência AFP.
Será o Papa Francisco a decidir se aceita ou não a renúncia de Michel Aupetit.
Em 2012, o arcebispo "comportou-se de uma forma ambígua com alguém muito próximo dele", admitiu a diocese de Paris.
Na quarta-feira, o semanário francês Le Point revelou na sua página na Internet que o arcebispo manteve naquele ano uma relação íntima e consentida com uma mulher, citando um 'email' que o próprio enviou por engano e que deixou poucas dúvidas sobre este relacionamento.
"Não foi uma relação amorosa" ou uma "relação sexual", garantiu a diocese à AFP na sexta-feira.
Já Michel Aupetit reconheceu, citado no artigo do Le Point, que o seu "comportamento" em relação à mulher pode ter sido ambíguo, sugerindo a existência de uma relação íntima e de relações sexuais, mas refutou "veementemente" estas acusações.
O arcebispo acrescentou que tinha "decidido não vê-la novamente" e que a "informou" disso.
O pedido de demissão "não é uma admissão de culpa, mas um gesto de humildade", destacou a diocese.
E Aupetit fez este gesto "porque entende que pode haver uma perturbação entre os católicos da diocese", acrescentou.
A resposta do Papa Francisco pode levar várias semanas, tempo necessário para que o pontífice examine e avalie os motivos para esta renúncia.
Em outros casos, o Papa opôs-se aos vários pedidos de renúncia do cardeal francês Philippe Barbarin, implicado pelo seu silêncio sobre abusos sexuais de um padre. Mas em 2020 o pedido foi aceite.
Em junho, o pontífice rejeitou o pedido de renúncia do arcebispo de Munique, Reinhard Marx, que queria tirar consequências do "fracasso", segundo as palavras do próprio, da Igreja perante os "escândalos dos abusos sexuais", especialmente na diocese de Colónia.
Michel Aupetit não quis tornar imediatamente público o seu pedido perante o Papa Francisco, para que este "pudesse tomar a decisão livremente", acrescentou a diocese.
O arcebispo foi médico de medicina geral, na região de Paris, durante onze anos, antes de entrar para o sacerdócio.
Como o próprio gosta de afirmar, Deus deu-lhe "uma nomeação tardia" quando foi ordenado sacerdote da diocese de Paris em 1995, aos 44 anos.
Michel Aupetit foi promovido a bispo auxiliar em 2013 e apenas um ano depois herdou uma diocese, de Nanterre. Três anos e meio depois, em 2017, ficou responsável por uma das dioceses mais urbanas.
O arcebispo, que teve de enfrentar o incêndio de Notre-Dame, de 2019, é também conhecido pelas suas posições rígidas sobre a família e a ética na medicina, apoiando regularmente marchas contra o aborto.
Em 2012, durante os debates 'casamento para todos', teve também problemas com homossexuais, perante as suas posições.
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