O futuro Governo neerlandês será formado pelo partido liberal de direita VVD, o progressista D66, Apelo Democrata-Cristão (CDA) e União Cristã, os mesmos quatro partidos que estão em funções e formaram o executivo liderado pelo primeiro-ministro liberal Mark Rutte desde 2017, até à sua demissão em bloco, em janeiro último.
O porta-voz das negociações revelou ao início da noite de segunda-feira que o compromisso estava fechado, citado pela agência de notícias ANP.
As negociações tinham começado após as eleições gerais em meados de marços e duraram 271 dias, um novo recorde nos Países Baixos, após os 225 dias sem Governo em 2017.
No entanto, este registo ainda fica longe dos 541 dias sem executivo em exercício na Bélgica.
O primeiro-ministro Marke Rutte, que vai liderar a coligação de quatro partidos de centro-direita, referiu aos jornalistas, no final das negociações, que este era "um bom acordo".
Já a líder do segundo partido (D66) nas eleições de março, Sigrid Kaag, salientou que este é "um acordo bom e equilibrado".
Alcunhado como "o ministro Téflon", pela sua capacidade de sair ileso das crises políticas, Mark Rutte viu-se obrigado a demitir-se em janeiro, após um escândalo relacionado com os abonos de família, e o Governo está desde então em gestão corrente.
Nas urnas Rutte, primeiro-ministro desde outubro de 2010, não foi rejeitado pelos eleitores e o seu partido, VVD, venceu as eleições.
Prestes a iniciar um quarto mandato, Mark Rutte tornar-se-á um dos líderes na Europa há mais tempo no poder, a seguir ao húngaro Viktor Orban, no cargo desde maio de 2010.
Os dois continuam longe, no entanto, do registo de 16 anos que Angela Merkel estabeleceu à frente da Alemanha.
O acordo será agora partilhado com os grupos parlamentares e na quarta-feira será oficialmente apresentado e enviado para o parlamento neerlandês para um debate, indicou o porta-voz dos negociadores.
Os Países Baixos, que enfrentam uma nova vaga da pandemia de covid-19 que levou a medidas restritivas que causaram fortes protestos, terão que esperar até janeiro para que o novo Governo seja formado, enquanto a coligação decide a divisão das pastas.
Entre as medidas políticas esperadas, a futura coligação deve estabelecer o alargamento do serviço gratuito de creches e a aplicação de milhares de milhões de euros em investimentos no combate às alterações climáticas, na habitação ou investigação em energia nuclear.
Estará também previsto a implementação de portagens em autoestradas.
A líder do D66, Sigrid Kaag, deve voltar a liderar o Ministério dos Negócios Estrangeiros, segundo informações avançadas por órgãos de comunicação social neerlandeses, após esta, nomeada em maio, ter renunciado ao cargo em agosto, na sequência de críticas no Parlamento pela gestão da retirada do Afeganistão.
O atual ministro da Saúde, Hugo de Jonge, que tem dado a cara na luta contra a covid-19 naquele país, não deverá continuar no cargo.
Os Países Baixos registam mais de 2,7 milhões de casos de covid-19 desde o início da pandemia e mais de 19.700 mortes, num universo de 17 milhões de habitantes.
Leia Também: Princesa Amalia em preparação para ser a futura rainha dos Países Baixos