O grande número de infeções com o novo coronavírus em Nova Iorque deverá forçar um novo adiamento da Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação, assinado em 1970 na era da Guerra Fria e que deveria reunir delegações de todo o mundo.
A decisão foi anunciada numa carta escrita na terça-feira pelo presidente da conferência, Gustavo Zlauvinen, e citada pela agência de notícias AP, indicando que o evento seria adiado se não houvesse declarações em contrário dos membros da conferência.
"É uma decisão lamentável, mas as atuais circunstâncias não nos deixam outra opção", escreveu Zlauvinen, um diplomata argentino e ex-funcionário da Agência Internacional de Energia Atómica.
Ainda sem data anunciada, os participantes deverão discutir o futuro da conferência na quinta-feira, incluindo se haverá encontros virtuais.
Trata-se do acordo internacional mais ratificado do mundo -- com a adesão de 191 países -- sobre o controlo das armas nucleares, em que as nações se comprometeram a não adquirir este tipo de armas de destruição maciça ou a assegurar que programas de energia nuclear não estão a ser utilizados em armamento.
O tratado incluía ainda a promessa da eliminação de armas nucleares pelos países detentores em 1970 - Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China-, além de defender o direito de todos os países de desenvolver energia nuclear pacífica.
As revisões ao tratado acontecem a cada cinco anos, para um balanço sobre resultados e para novos compromissos.
A conferência, primeiramente planeada para 20 de abril de 2020, iria celebrar 50 anos da entrada em vigor do acordo, mas foi sendo adiada devido aos confinamentos e medidas restritivas para contenção do novo coronavírus.
Atualmente, a cidade de Nova Iorque depara-se com um novo pico de infeções diárias causadas pela extremamente contagiosa variante Ómicron.
Nos sete dias anteriores à segunda-feira, mais de 168.000 pessoas testaram positivo para o coronavírus em Nova Iorque, em comparação com cerca de 77.000 na semana anterior e 25.000 na semana que terminou em 13 de dezembro, segundo a AP, que cita dados do Estado.
Maria Luiza Ribeiro Viotti, chefe de gabinete de António Guterres, secretário-geral da ONU, referiu que o número crescente de funcionários da ONU infetados com o coronavírus impede a prestação de serviços para grandes reuniões presenciais e aumenta o risco de saúde para participantes.
Numa mensagem para Zlauvinen, Maria Luiza Ribeiro Viotti sublinhou a opinião de que será mais seguro para os delegados e funcionários se a conferência for realizada de forma 'online' ou adiada.
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