"Em novembro, o conflito aumentou no norte de Moçambique - com o maior número de ataques registados desde julho de 2021 - e deslocou mais de 20.500 pessoas, das quais 51% eram crianças, 28% mulheres e 4% pessoas vulneráveis", de acordo com a matriz de rastreamento da Organização Internacional das Migrações (OIM).
No total, estima-se que haja cerca de 734.000 pessoas deslocadas internamente no norte de Moçambique (números consolidados até há cinco semanas), uma diminuição de cerca de 9.000 em relação aos dados recolhidos em setembro.
"Com o início da época de escassez agrícola", até às colheitas que arrancam em abril, "estima-se que mais de 1,1 milhões de pessoas em Cabo Delgado, Nampula e Niassa enfrentem altos níveis de insegurança alimentar", acrescenta-se no documento.
Segundo as Nações Unidas, apenas uma em cada 10 famílias deslocadas em Cabo Delgado tem uma dieta adequada.
Malária, síndrome febril e diarreias permaneceram como as principais doenças em Cabo Delgado, com quase 741.700 casos, 154.000 e mais de 40.100 acumulados, respetivamente.
Entre os deslocados, 90% apontam a falta de abrigo como necessidade mais urgente, seguida por alimentação (88%), itens não alimentares (70%), água potável e saneamento (60%) e saúde (41%).
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar várias zonas, mas o conflito alastrou em novembro para a província vizinha do Niassa.
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