"Nas próximas semanas devemos conseguir levar a cabo uma proposta europeia para construir uma nova ordem de segurança e estabilidade. Devemos construí-la entre os europeus, depois partilhá-la com os nossos aliados no quadro da NATO, e posteriormente propô-la à Rússia para negociação", declarou Macron durante o seu discurso perante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, para apresentar as prioridades da presidência francesa do Conselho da União Europeia (UE) no corrente semestre.
O chefe de Estado francês argumentou que a segurança do continente europeu "exige um rearmamento estratégico" da Europa "com poder de paz e equilíbrio, em particular no diálogo com a Rússia", diálogo esse que, sublinhou, tem defendido "há vários anos", pois considera que "não é uma opção", mas sim um dado incontornável.
"Precisamos deste diálogo. Nós, europeus, devemos coletivamente fazer as nossas próprias exigências e assegurar que elas sejam respeitadas", defendeu, preconizando um diálogo com Moscovo "franco e exigente face à desestabilização, interferência e manipulação".
Segundo Macron, a nova "ordem europeia" deve ser baseada em velhos princípios e regras, acordados "não contra ou sem, mas com a Rússia, há 30 anos".
E recordou que, entre esses princípios, contam-se "a rejeição do uso da força, ameaças e coerção, a livre escolha dos Estados para participarem em organizações, alianças e acordos de segurança da sua escolha, a inviolabilidade das fronteiras, a integridade territorial dos Estados, a rejeição das esferas de influência".
"Do que estou a falar são dos princípios que nós, europeus, e a Rússia, assinámos há 30 anos. Cabe-nos a nós, europeus, defender estes princípios e estes direitos inerentes à soberania dos Estados. Cabe-nos a nós reafirmar o seu valor e sancionar eficazmente a sua violação", disse, acrescentando que se trata também de "resposta às desestabilizações em curso", referindo-se designadamente à tensão na fronteira com a Ucrânia.
"É por isso que continuaremos, juntamente com a Alemanha, no 'formato da Normandia' [que também reúne a Rússia e a Ucrânia], a procurar uma solução política para o conflito na Ucrânia, que continua a ser a fonte das atuais tensões", disse.
Para pôr fim a essas tensões, Moscovo reclama garantias de que a NATO não integrará novos membros, designadamente a Ucrânia, algo liminarmente rejeitado pela Aliança Atlântica e pela UE.
O reforço da autonomia estratégica é uma das 'bandeiras' da atual presidência francesa do Conselho da UE, iniciada em 01 de janeiro e que decorre até final de junho, em plena ameaça de um novo conflito bélico no continente europeu, face à concentração de meios militares russos junto à fronteira com a Ucrânia.
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