A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, avisou esta sexta-feira que a União Europeia tem um pacote de sanções "robustas e compreensivas" para impor à Rússia, em caso de invasão na Ucrânia.
Em entrevista aos jornais económicos Les Echos e Handelsblatt, von der Leyen disse que está preparado "um robusto e compreensivo pacote de sanções económicas e financeiras", que incluem "criar um teto ao acesso a capital estrangeiro" e "controlos na exportação, especialmente de componentes de inteligência artificial e armamento".
O gasoduto Nord Stream 2 também faz parte do pacote preparado, a presidente da CE afirmou que qualquer sanção ao serviço também "depende do comportamento da Rússia" e admitiu que "pessoas próximas de Putin e os oligarcas poderão, claro, ser atingidos".
O gasoduto Nord Stream 2 enfrenta uma nova polémica por estar no centro do relacionamento energético entre a Europa e a Rússia. O gasoduto liga a Alemanha diretamente à Rússia através do Báltico e os principais fornecedores de gás natural russo são os oligarcas próximos do presidente russo.
Esta relação tem levado a uma acrescida pressão sobre a Alemanha para encontrar alternativas a esta exportação.
Numa altura de forte tensão geopolítica e de crise energética, a líder do executivo comunitário falou no "comportamento estranho" da empresa de gás estatal russa Gazprom nos últimos meses, apontando que, apesar de a companhia cumprir os contratos, faz "o mínimo" possível.
Isto porque, enquanto outros operadores aumentaram as entregas de gás em resposta ao aumento da procura e ao aumento exponencial dos preços, a Gazprom não o está a fazer, referiu Ursula von der Leyen.
"A empresa, que pertence ao Estado russo, está a semear dúvidas sobre a sua fiabilidade" e isto numa altura em que "a Rússia está a exercer pressão militar sobre a Ucrânia e a utilizar gás para nos pressionar", assinalou a responsável, falando numa situação "muito grave" junto à fronteira ucraniana.
Garantido fazer tudo "para encontrar uma solução diplomática", Ursula von der Leyen reconheceu, porém, que a UE tem de se "preparar para um possível fracasso", pelo que "qualquer nova escalada militar por parte da Rússia terá consequências maciças".
Cerca de 37% do comércio externo russo é feito com a UE, enquanto para o conjunto dos Estados-membros a Rússia representa apenas 4,8%. Esta dependência russa é ainda maior em termos de investimento estrangeiro, com 75% das verbas provenientes da UE, sendo que o fluxo inverso representa apenas 1,9%.
Porém, o principal problema de um mecanismo de sanções para a UE seria a sua dependência do gás russo (que equivale a cerca de 40% do consumo).
A Rússia mantém 100 mil soldados prontos na fronteira com a Ucrânia, exigindo que o país seja impedido de se juntar à NATO. Na quinta-feira, os Estados Unidos avisaram que a Rússia estaria a preparar um vídeo de propaganda a demonstrar uma potencial invasão, mas o Kremlin mantém firme a sua posição de garantir aquilo que considera ser condições de segurança para a sua existência.
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