O Ministério da Defesa russo disse que 400 militares participam num "exercício tático" na região sul de Rostov, peto da fronteira com a Ucrânia.
Cerca de 70 veículos militares, incluindo tanques e drones (aviões não tripulados), serão utilizados nestas manobras de treino de "missões de combate", segundo o Ministério da Defesa, citado pela agência espanhola EFE.
As manobras militares da Rússia ocorrem num cenário de elevada tensão sobre a Ucrânia, que acusa Moscovo de ter concentrado mais de 100.000 soldados perto das suas fronteiras.
Kiev e o Ocidente dizem que Moscovo pretende invadir novamente a Ucrânia, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia em 2014, e de apoiar, desde então, uma guerra separatista no leste do país.
A Rússia nega essa intenção, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo garantias de que a Ucrânia nunca fará parte da Aliança do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, disse na quinta-feira que um possível conflito entre forças norte-americanos e russas resultará numa "guerra mundial".
Várias rondas de conversações destinadas a resolver a crise não conseguiram até agora aliviar as tensões e a Rússia tem aumentado as suas demonstrações de força nos últimos dias.
Na quinta-feira, várias dezenas de milhares de soldados russos iniciaram exercícios em grande escala na Bielorrússia, um país vizinho da Ucrânia e da Rússia, que deverão decorrer até 20 de fevereiro.
O Ministério da Defesa russo reportou hoje manobras navais no Mar Negro, num exercício de "busca e destruição de navios inimigos".
No âmbito dos esforços para tentar aliviar as tensões, o ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, chegou hoje a Moscovo para conversações com o seu homólogo russo, Sergei Shoigu.
"O restabelecimento de contactos num espírito de boa vontade entre a Rússia e o Reino Unido levará a uma redução das tensões na Europa", disse anteriormente Shoigu.
Wallace chegou à Rússia um dia depois de a sua colega de Governo responsável pela diplomacia, Liz Truss, ter tido uma reunião malsucedida em Moscovo com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov.
Truss pediu que a Rússia retire as tropas estacionadas na fronteira com a Ucrânia e abandone a retórica da Guerra Fria em favor do diálogo, num encontro que Lavrov descreveu como uma "conversa de surdos".
O Reino Unido é um dos países que estão a fornecer armamento à Ucrânia, que Wallace assegurou ter uma utilidade "claramente defensiva", numa intervenção recente no parlamento em Londres.
Na sequência da tensão, oito caças-bombardeiros F-15, um número não especificado de helicópteros de transporte CH-47 Chinook e helicópteros de ataque HH-60 Blackhawk norte-americanos chegaram hoje à Polónia.
A principal tarefa dos F-15 será a vigilância do espaço aéreo polaco e báltico, com particular incidência no enclave de Kaliningrado, de onde aviões russos se aproximam do espaço controlado pela NATO sem aviso, segundo disse hoje o ministro da Defesa polaco, Mariusz Blaszczak.
Estas forças juntam-se a 350 paraquedistas britânicos que chegaram à Polónia na quinta-feira, e aos 1.700 soldados enviados por Washington há alguns dias, cujo equipamento tem estado a ser descarregado no porto de Gdynia (Norte).
Tal como as tropas croatas e romenas destacadas em Szczecin (noroeste), todas estas unidades permanecerão na Polónia sob o comando da NATO, numa base transitória e rotativa.
Estas novas tropas elevam o número de forças da NATO na Polónia para cerca de 5.000 efetivos, uma presença que tem sido criticada pela Rússia.
A Polónia -- cuja capital, Varsóvia, deu o nome ao pacto militar do antigo bloco comunista soviético -- aderiu à NATO em 1999, mas não acolheu tropas estrangeiras no seu território até 2017.
Entretanto, fontes militares espanholas citadas pela EFE indicaram que quatro caças espanhóis tipo Eurofighter devem chegar hoje à Bulgária para apoiar a vigilância do espaço aéreo deste país dos Balcãs, no âmbito de uma missão da NATO.
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